quinta-feira, 17 de junho de 2010

FOFOCA


Existe entre os cristãos uma triste tendência de escutar maus boatos e acreditar neles sem primeiro dar à pessoa injuriada qualquer oportunidade de explicar seu ponto de vista e defender seu caráter. A não ser que seja grandemente dominado pela graça, há no coração de todo ser humano um enorme prazer em ouvir qualquer coisa que possa reduzir os outros ao seu nível ou rebaixá-lo diante do mundo. Quanto mais os outros são desvalorizados, mais nos sentimos elevados.
Lourenço Stelio Rega, diretor da Faculdade teológica de São Paulo afirmou que “Quem semeia fofoca, planta boato e fertiliza maledicência não precisa de informações; precisa de uma transformação de caráter, necessita de uma renovação de mente.” Ou seja, boatos, fofoca e maledicência não precisam de esclarecimentos, eles precisam é de arrependimento!
Em sua epístola, Tiago trata deste problema da língua humana que fere, denigre, insulta, mancha e calunia o próximo. A igreja a qual Tiago escreveu possuía cargos formais, como os de presbíteros (5:14). Contudo, não havia um processo de ordenação, nem escolaridade exigida para que alguém pregasse. Desta maneira, era fácil para pessoas de alguma habilidade, pregar. O que aconteceu foi que pessoas com motivações mundanas estavam se tornando mestres. Tiago então, faz uma dura exortação: “Não vos torneis, muitos de vós, mestres”. Ele fez isto para lembrá-los que os mestres receberão maior juízo! Dentro deste contexto, algumas pessoas começaram a falar mal de todos os mestres, incluindo os verdadeiros. Tiago, então exortou a igreja para controlar a língua. Ao fazer isto, o apóstolo nos mostra alguns pecados que cometemos com a nossa língua.
“Se alguém não tropeça no falar, é perfeito varão, capaz de refrear também todo o corpo”. (Tg. 3:2) Somos lembrados por Tiago que a maturidade cristã é percebida no controle da língua. Aquele que sabe controlar sua língua atingiu a maturidade espiritual. De todos os impulsos pecaminosos, o mais difícil de ser controlado é o da língua. Quem consegue esta façanha, é porque já aprendeu a humildade e não precisa ficar se vangloriando em cima do defeito do próximo; já aprendeu a bondade e não deseja ver a imagem do outro denegrida por suas palavras; já aprendeu a misericórdia e compreende a fraqueza do irmão, e não deseja afundá-lo mais; já aprendeu o amor e entende que precisa amar e perdoar o outro ao invés de caluniá-lo.
Para quem controla a sua língua, tudo fica mais fácil = “Capaz de refrear também todo o corpo”. Em outras palavras, “controle a sua língua e você será capaz de controlar todo o seu ser”.
Tiago ilustra a sua tese através de algumas analogias. Primeiro ele pensa em cavalos: “Se pomos freio na boca dos cavalos, para nos obedecerem, também lhe dirigimos o corpo inteiro”. (v.3) Os cavalos são animais maiores e bem mais fortes que os seres humanos, contudo, quando “colocamos freios na boca dos cavalos” nós os controlamos. Controlamos não só a cabeça, mas o animal por completo. O cavalo, através do freio, é obrigado a ir para onde o cavaleiro desejar.
Depois, Tiago nos fala dos navios: “Observai, igualmente, os navios que, sendo tão grandes e batidos de rijos ventos, por um pequeníssimo leme são dirigidos para onde queira o impulso do timoneiro”. (v. 4) Os grandiosos e pesados navios são controlados por um pequeno objeto: O leme. Aqueles portentosos transatlânticos são guiados no meio do oceano por um pequeno objeto. O destino de milhares de toneladas é controlado por uma peça aparentemente irrelevante!
Da mesma forma acontece com o homem e a sua língua! Primeiro expressamos com a língua uma idéia proibida, depois damos a esta ideologia expressões físicas. Inicialmente nos metemos em uma conversa lasciva, a seguir, cometemos adultério. Uma frase equivocada, uma palavra fora de lugar, uma expressão mal colocada, e uma amizade de anos vai por água abaixo. Este é o grandioso poder da língua!
Jesus nos exortou dizendo que “Toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no dia do juízo”. (Mt. 12:36). Por isto que o sábio acertadamente afirmou: “O que guarda a boca conserva a sua alma, mas o que muito abre os lábios a si mesmo se arruína”. (Pv. 13:3) O homem “segundo o coração de Deus” sabia, que, sozinho não poderia refrear sua língua. Desta forma, o grande rei Davi pediu a Deus para ajudá-lo: “Põe guarda, Senhor, à minha boca; vigia a porta dos meus lábios”. (Sl.141:3). Que esta também seja a nossa constante oração.

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