sábado, 5 de junho de 2010

A ALTERNATIVA EGÍPCIA


Quando se está desempregado, o que é mais fácil de ser feito: Aceitar um emprego onde você vai violar alguns princípios da Palavra de Deus ou esperar até que Deus lhe envie um serviço sem desonestidade? Quando na jornada cristã você se indispõe com algum irmão na fé, o que é mais fácil: Ir conversar com ele e buscar o caminho da reconciliação, ou deixar prá lá acreditando que o acaso e os encontros melhorem o clima? Quando você perde todas as coisas de valor que possuía, o que é mais fácil: Amaldiçoar o seu Deus e a partir de então olhar para a vida com incredulidade, ou afirmar confiantemente que mesmo que Ele te mate, você continuará confiando nele?
Existiu um período na história dos judeus, onde tudo o que eles tinham, tinha sido destruído. Suas casas, sua cidade, seu templo, suas esperanças, suas famílias, seus sonhos... tudo estava destruído! Foi neste contexto que Jeremias disse aos seus compatriotas que mesmo diante de todas aquelas dificuldades, Deus iria restaurar a sorte de cada um deles. Só que os israelitas não deram ouvidos a Jeremias, eles cansaram de viver pela fé e, assim como eu e você, procuraram um caminho mais fácil para resolver os seus problemas.
Contrariando a vontade de Deus, os israelitas deixaram Jerusalém e caminharam cerca de 400 km até o Egito. No Egito, a vida era bem mais fácil e segura do que aquela que eles estavam vivendo em Jerusalém. No Egito tudo já estava estruturado, eles não precisariam reconstruir absolutamente nada. No Egito eles teriam muitas regalias que em Jerusalém se levaria décadas para conquistar. Tudo o que eles buscavam no Egito eles poderiam ter em Jerusalém, só que em Jerusalém, eles teriam muito trabalho, eles teriam que confiar em Deus, eles teriam que viver pela fé.
Não foi a primeira vez que Israel agiu deste modo. A alternativa egípcia à fé tomava corpo de tempos em tempos. Sempre que as coisas apertavam, os israelitas buscavam uma saída, um auxílio no Egito. Quando Abraão - pai daqueles que vivem pela fé - cansou-se de viver pela fé, procurou o Egito. Na época do Êxodo, após terem sido libertos da escravidão do Egito, os judeus foram forçados a viver pela fé no meio do deserto. Mais tarde quando a monarquia estava no apogeu, Salomão incorporou crenças egípcias à vida de fé ao casar-se com a filha de Faraó. Portanto, quando os israelitas da época de Jeremias, começaram a enfrentar dificuldades e procuraram no Egito um auxílio para os seus problemas, tal atitude, já tinha precedentes na história daquele povo.
Abraão, os judeus do Êxodo, Salomão, os judeus da época de Jeremias, todos eles sabiam que viver pela fé, descansar no poder de Deus, confiar na ajuda divina, não é algo tão fácil de ser feito!
A alternativa egípcia nada mais é do que o desejo humano por estabilidade e segurança. Não há nada de mal em desejar viver de forma segura e estável, desde que, esta vida segura e estável seja guiada e controlada pelas mãos do nosso Deus. Infelizmente, não foi isto o que aconteceu com Abraão, Salomão, os judeus no Êxodo e no tempo de Jeremias. Cada um deles, a seu tempo e do seu modo, ao procurar o Egito, acabaram abandonando o seu Deus. Ao buscar a segurança e a estabilidade do Egito, acabaram descartando as promessas de Deus.
Isto ainda acontece nos dias de hoje! Deus nos recomenda trilharmos pelos caminhos indicados nas Escrituras. O problema é que estes caminhos, na maioria das vezes, são penosos e não trazem resultados imediatos; são difíceis de serem percorridos e durante o trajeto o que nos sustenta é a fé. Não são famosos (poucas pessoas andam por eles), e, desta forma, acabamos acreditando que somos uma minoria que está equivocada. A conseqüência natural é a opção por caminhos mais curtos onde a grande atração são os atalhos. O problema é que atalhos, na maioria das vezes, nos afastam do crescimento porque não aprendemos a lidar com as dificuldades; os atalhos nos conduzem para lugares (como o Egito) que não são da vontade de Deus.
Ao invés de percorrer o caminho longo do discipulado de Cristo, discernindo sua vontade através do estudo cuidadoso e diligente das Escrituras, respondendo com obediência e submissão, buscando o poder e direção do Espírito Santo para viver a vida de fé, preferimos o atalho de um final de semana em que algum religioso carismático e especializado irá libertá-lo do caminho natural do discipulado e, como um passo de mágica, promovê-lo a mestre e discipulador de outros. Portanto, tome cuidado com os simplificadores da vida, com os atalhos da fé! Jesus, ele mesmo nos alertou para o caminho largo, fácil, convidativo, e espaçoso. Ele disse que a vida tem que passar pelo caminho estreito, apertado, difícil e árduo.
A dura realidade é que não existem atalhos para o amadurecimento. Jesus nunca propôs nenhum atalho, nunca simplificou a vida, jamais apresentou qualquer substituto para a cruz que temos que carregar. A vida continua tal como era nos tempos de Nosso Senhor! Se aquilo que plantamos é uma boa semente, foi colocada num bom solo, regada e cuidada com carinho e amor pelo bom jardineiro, ela florescerá e dará frutos bons. Mas se o que plantamos é a semente da pressa e do interesse próprio, colocada na superfície de um solo volúvel e arenoso, regada com a impaciência de um jardineiro imaturo, ambicioso e vilão, ela morrerá antes mesmo de nascer. Cuidado com a alternativa egípcia de buscar tranqüilidade e segurança em troca de uma vida onde Deus não está presente.

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