sexta-feira, 25 de junho de 2010

A Vontade de Deus


Woody Allen certa vez afirmou que “se você quer fazer Deus rir, conte a Ele seus planos”. A vontade divina sempre é um assunto de muita polêmica e discordância. Dialogar sobre a Vontade Ativa e a Vontade Permissiva de Deus sempre foi assunto recorrente na pauta dos teólogos e filósofos. Por exemplo, Deus ordenou ou apenas permitiu a morte, o acidente e a doença de um ente querido? Deus ordenou ou permitiu que as pessoas fossem para o inferno? Deus ordenou ou permitiu o pecado? Deus ordenou ou permitiu as catástrofes naturais? Se Deus já sabia do que iria acontecer – pecado, doenças, mortes, catástrofes - por que Ele não evitou?
Portanto, este é um tema de muito debate e não sou eu - e nenhum homem na terra - que irá esgotar o assunto. Nesta questão existem mais perguntas do que respostas, e parece que quanto mais escavamos, mais percebemos quão pouco sabemos. No entanto, quero dar a minha contribuição com algumas verdades que podemos encontrar nas Escrituras Sagradas.

Em primeiro lugar, a manifestação da vontade de Deus é secreta e imprevisível, porque Deus é Deus. Não podemos afirmar que Deus fará algo, só porque Ele já fez assim, ou porque queremos que Ele faça. A maneira de Deus se manifestar depende de Sua vontade. Quando apareceu a Elias, diz o texto bíblico que Deus veio no meio de “uma brisa suave”; mas quando desceu no Pentecostes, a presença divina fez-se sentir através de um “vento impetuoso”. Imagine se existisse um grupo dentro da igreja primitiva que fizesse a seguinte afirmação: “Deus só se manifesta através de uma brisa suave, basta lembrarmos da experiência de Elias”. Provavelmente aconteceria a primeira divisão dentro da igreja recém nascida. De um lado ficaria o grupo “Ultraconservador da brisa suave” e do outro lado o grupo que percebeu a nova forma de Deus se manifestar, o grupo “Pentecostal renovado do vento impetuoso”.

Os métodos de Deus são sempre surpreendentes, às vezes parecem até mesmo ilógicos. Muitas vezes não fazem muito sentido em nossas mentes finitas. Quem poderia imaginar que um pastor de ovelhas fosse capaz de matar um soldado como Golias? Quem poderia supor que as poderosas muralhas de Jericó cairiam quando o povo caminhasse em volta da muralha tocando aquelas trombetas? Que estratégia absurda retirar Elias da presença de Acabe! O mais certo era mantê-lo na presença do rei como uma espécie de espora, pressionando-o à submissão. Portanto, por mais vontade que tenhamos de entender a manifestação da vontade de Deus, na maior parte das vezes, não entenderemos!

Outra verdade preciosa que encontramos nas Escrituras sobre a vontade de Deus é que ela é imutável. Conquanto possa parecer contradição com o que acabei de falar, não é. Os métodos e a manifestação divina podem mudar, mas os seus princípios e a sua vontade jamais! A vontade divina não é como a do homem que “dá e passa". A vontade de Deus é imutável, e por causa disto, também é soberana sobre todas as outras. Nada do que Deus decidiu fazer vai mudar. Ninguém pode fazer Deus voltar atrás ou impedi-lo de concretizar os seus propósitos. Existem certas coisas que Deus decretou que jamais mudarão. Por exemplo, se todas as pessoas do mundo orassem para que Jesus não voltasse, ainda assim, Ele voltaria.

Alguém pode perguntar: “Se a vontade de Deus é imutável, então por que orar?”. Não é porque a vontade de Deus é imutável que não devemos "lutar" com Deus em oração. Abraão, Jacó, Moisés e muitos outros lutaram com Deus em oração. Diz-nos o pastor Ricardo Barbosa que “A oração não altera a mente de Deus, mas ela modifica as coisas. Um exemplo disto pode ser visto ao olharmos para a vida de Jó. Os animais de Jó foram roubados pelos sabeus e pelos caldeus. Suponhamos que os caldeus tivessem orado: “Não nos conduzas à tentação, mas livra-nos do maligno.” Mesmo assim os animais de Jó teriam sido roubados, porém, os sabeus e os caldeus não seriam responsáveis por este roubo. Deus não alteraria seus planos, mas modificaria as circunstâncias”. Ricardo Barbosa nos lembra neste exemplo, daquilo que disse Kierkegaard: "A oração não muda a Deus, mas muda aquele que a faz". Ou seja, o propósito da oração deve ser ajustar nossas expectativas àquilo que Deus já decidiu.

Outra pergunta freqüente sobre a oração e a vontade de Deus é a seguinte: “Se a vontade de Deus é imutável então porque que existem passagens na Bíblia que deixam a entender que a vontade e os propósitos e de Deus mudaram?” Entre os exemplos de recuo depois da ameaça de juízo estão a oração de Moisés para evitar a destruição do povo de Israel (Êx.32:9-14), o acréscimo de 15 anos a vida de Ezequias (Is.38:1-6), o fato de Deus ter voltado atrás na decisão de julgar Nínive (Jn.3:4,10). Existem passagens nas quais se diz que Deus está arrependido de ter feito alguma coisa: (Gn.6:6) = Deus se arrependeu de ter feito o homem na terra, (I Sm.15:10) = O arrependimento de Deus de ter ungido a Saul como rei.

Para entendermos esta questão é necessário fazermos algumas considerações importantes. A intenção de Deus quando fez a ameaça era aquela mesma. Porém, quando a situação mudou, a intenção divina também mudou. Isto não ataca em nenhum momento a imutabilidade de Deus. Esta mudança de atitude, não significa mudança na natureza, nos atributos ou nas promessas de Deus. Isto quer dizer que Deus reage de modos diversos a situações diferentes. O caso de Jonas nos ajuda a entender isto. Deus viu a iniquidade de Nínive e mandou Jonas proclamar: “ainda 40 dias, e Nínive será destruída”. Embora o verso não diga, a possibilidade de Deus retirar o juízo se o povo se arrependesse, está implícito na advertência. O propósito da proclamação da advertência é provocar arrependimento. Quando o povo se arrependeu, a situação foi modificada. Deus reagiu de modo diferente a essa nova situação: “viu Deus o que fizeram (se converteram do seu mau caminho) e Deus se arrependeu do mal que tinha dito que lhes faria e não o fez” (Jn.3:10)

Os casos de Ezequias e de Moisés são semelhantes. Deus dissera que enviaria o juízo, e era uma declaração verdadeira, desde que a situação permanecesse a mesma. Mas a situação mudou e, desta maneira, Deus reagiu a esta nova situação atendendo a oração e descartando o juízo. “Deus agiu assim com Moisés, com os ninivitas e com Ezequias para incitá-los à oração” (Spurgeon)
Será que Deus não sabia que o povo de Nínive se arrependeria, que Moisés iria clamar pelo povo, alcançando perdão, que Ezequias viveria mais 15 anos? Se Deus sabia destas coisas, então ele não mudou!

Quanto aos textos bíblicos que afirmam que “Deus se arrependeu”, devemos lembrar do fato de que existem sentimentos de divinos que são próprios dEle, e não das criaturas. Como expressar sentimentos divinos para seres humanos? Isto é o que a teologia denomina de Antropomorfismo, atribuir sentimentos humanos a Deus. Portanto, não significa que Deus se arrependeu como um ser humano se arrepende. O que aconteceu foi que não existindo uma palavra humana para descrever o sentimento de Deus naquele momento, o autor sagrado usou a palavra humana mais próxima do sentimento de Deus, que no caso, era arrependimento. Ninguém dissuade Deus de fazer alguma coisa que Ele decide fazer, basta observarmos o que dizem os textos de Jó 42:2; Pv:19:21; Is.14:24,27; Is.43:13.

Se a vontade de Deus é imutável e eterna, consequentemente ela não poderá ser resistida. Ela é sempre vencedora por causa do seu poder. Em Atos16:6-10 vemos que Paulo e Timóteo estavam querendo cumprir a vontade de Deus de pregar o evangelho, mas tudo dava errado. Eles resolveram ir para a Ásia, depois para Bitínia. Nos dois locais eles foram impedidos. Isto aconteceu pois o plano de Deus era que eles fossem para a Macedônia. Mesmo quando queremos fazer o que é certo, se esta não for a vontade de Deus nós não faremos! “Onde qualquer cristão piedoso roga: ‘Querido Pai, faça-se a sua vontade’, ele responde do alto: ‘Sim, meu filho querido, sem dúvida será e sucederá assim, a despeito do diabo e do mundo inteiro”. (Lutero)

Também é interessante perceber a relação da Palavra de Deus com a Vontade de Deus. Quanto mais você conhece a Palavra de Deus, menos confusa será a vontade de Deus para você. Normalmente, aqueles que têm menos problemas com a vontade de Deus são os que mais conhecem a sua Palavra, afinal, a Palavra e a Vontade de Deus estão conectadas de maneira inseparável. Sendo assim, para saber a vontade de Deus não use o “método da janela aberta”. Este método é aquele onde alguém fecha os olhos e aponta para um versículo da Bíblia com o dedo e diz: “Esta é a direção que Deus está me apontando”. Se fizer isso, você poderá deparar com o verso: “Então, Judas retirou-se e foi enforcar-se”. Este tipo de direcionamento tem sido chamado por alguns teólogos de “teologia vodu”. Normalmente as pessoas entram em confusões e depois dizem “Deus me orientou”. E a verdade é que Deus não tem nada a ver com isso.

Uma última lembrança sobre a vontade de Deus. Quando ensinou os discípulos a orar, Jesus disse-lhes que orassem ao Pai pedindo: "Seja feita a sua vontade". Esta súplica aparece logo depois de outro pedido: "venha a nós o teu reino". Ou seja, quando o reino de Deus se faz presente em nossa vida, nada haveremos de querer, senão a vontade de Deus.

Um comentário:

  1. É lamentável,o fato de pastores evangélicos citar frases, pensamentos, idéias, ponto de vista, análises, livros, músicas, ou qualquer outra coisa de pessoas incrédulas com a finalidade de se apoiarem em suas idéias. Esse Wood Allen é um maluco, olhas as frases dele abaixo:

    Frases de Wood Allen:

    "Na realidade, prefiro a ciência à religião. Se me fizerem escolher entre Deus e o ar acondicionado, fico com o ar."

    "Não só de pão vive o homem. De vez em quando, ele também precisa de um trago."

    "Só existem duas coisas importantes na vida. A primeira é o sexo e a segunda eu não me lembro."

    Lamento o fato do Pr. ter colocado em sua matéria "A Vontade de Deus", uma frase de alguém que não está nem aí para Deus!
    A frase do Wood, nem precisava colocar.

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