terça-feira, 29 de junho de 2010

Resposta ao "Anônimo"

Como não tive espaço suficiente na janela de comentários para responder ao “Anônimo” pela crítica feita ao artigo “A Vontade de Deus”, resolvi colocar minha resposta em forma de artigo. Assim, ofereço a todos os leitores mais uma de minhas reflexões.
Olá “Anônimo”, antes de qualquer defesa, gostaria de expressar minha tristeza por você não se identificar. Isto faz com que seu comentário além de perder o peso, caia naquela vala escura e suja onde estão apodrecendo no esquecimento aqueles que não tem a coragem de assumir as suas ideias e posicionamentos. Wood Allen certamente tinha vários erros, mas este ele não cometeu, ele assinava aquilo que escrevia.
Não vou ficar respondendo e muito menos publicando os comentários daqueles que não assumem o que pensam. Mas vou abrir uma exceção pelo fato de você ser a primeira pessoa a fazer uma crítica no blog.
Quanto a sua crítica, gostaria de informá-lo sobre algumas verdades que talvez você desconheça completamente.
Primeiro, não devemos desprezar uma ideia por causa da fonte. Esqueceu o conselho de Paulo? “Examinai tudo, retende o que é bom”. (I Ts. 5:13)
Além disso, “Anônimo”, você já ouviu falar de “graça comum”?
Graça comum são operações gerais e não salvíficas. Jesus falou sobre isto ao mencionar “a verdadeira Luz que ilumina todo homem”. (Jo.1:9) É uma espécie de luz natural, de entendimento natural. É a luz que jaz na consciência de cada pessoa nascida neste mundo. Por exemplo, o senso de certo e errado da humanidade é uma manifestação da graça comum. M. Lloyd-Jones, considerado por muitos o maior expositor bíblico do século passado nos orientou dizendo o seguinte: “Graça comum é o termo aplicado àquelas bênçãos gerais que Deus comunica a todos os homens e mulheres, indiscriminadamente, como Lhe apraz, não só a seu próprio povo, mas a todos os homens e mulheres, segundo o Seu beneplácito. Graça comum significa aquelas operações gerais do Espírito Santo nas quais sem renovar o coração, Ele exerce influência moral por meio da qual o pecado é restringido, a ordem é preservada na vida social e a justiça civil é promovida”. Todo senso de moralidade, de retidão e de religião, a crença em bondade, beleza e verdade, é tudo resultado da operação do Espírito Santo através da graça comum”.
Portanto, a ideia de que Deus nada tem a ver com o mundo incrédulo é antibíblica. Lembre-se de que em Romanos 13, Paulo nos diz que é Deus quem institui as autoridades e governos. E, desculpe se isto te escandaliza, mas Deus está atuando diretamente nas decisões “mundanas”! Como disse Lloyd-Jones: “Mesmo aqueles que não são salvos estão sob a influência do Espírito Santo. Essa influência não é de caráter salvífico nem possui uma influência redentiva, e sim, é uma parte do propósito divino”.
Ao contrário do que você escreveu, Deus, através da graça comum, está presente na literatura, arquitetura, pintura, música... Veja o que disse Lloyd-Jones: “Ora, de onde vêm todas estas coisas? Como vocês explicariam pessoas como Shakespeare ou Miguelângelo? A resposta das Escrituras é que todas essas pessoas tinham seus dons e eram capazes de exercê-los como resultado da operação da graça comum, esta influência geral do Espírito Santo. Há os que se inclinam a gloriar-se em Shakespeare, como se ele mesmo fosse o autor de suas faculdades, mas não era. Ele possuía somente aquilo que havia recebido de Deus. Todos esses dons que homens e mulheres possuem vêm de Deus. E essa é a razão por que cristãos genuínos, ao voltarem seus olhos, não só para criação, como também para cultura, descobrem uma razão para glorificarem e para louvarem a Deus”.
Acho que você nao simpatizou muito com o Dr. Lloyd-Jones, não é verdade? Então deixe-me citar outro grande homem de Deus – este camarada ainda está vivo, se você não gostar do que ele escreve (e assina) pode discutir com ele (desde que no seu debate, você assuma o que diz, é claro): “Deus está envolvido em toda a vida e não se limita ao religioso. Ele está tão envolvido com a criação quanto com a redenção, interessado tanto no comum quanto no sagrado. Na arte, nós estamos novamente no âmbito da criação, não da redenção; graça comum, e não salvadora; o secular e não sagrado. Contudo, a criação, o comum, e o secular todos têm a bênção de Deus mesmo sem que tenham utilidade na igreja ou em missões evangelísticas”. (Michael Horton)
Portanto, uma pessoa não-convertida pode produzir algo nobre, que leve à reflexão, que edifique? Claro que sim! Um erudito como Rui Barbosa, nunca pertenceu a nenhuma igreja evangélica, no entanto, escreveu belíssimos ensaios sobre o direito e a cidadania. São tão dignos, que são usados como ilustração em muitos sermões de grandes pastores por esse Brasil. Um estadista como Winston Churchil, nos brindou com discursos grandiosos. Pastores ao redor do mundo aplaudem as magníficas palavras deste homem que ao que parece, não era cristão.
E agora uma informação que certamente você desconhece, do contrário não teria dito no seu comentário: “É lamentável, o fato de pastores evangélicos citar frases, pensamentos, idéias, ponto de vista, análises, livros, músicas, ou qualquer outra coisa de pessoas incrédulas com a finalidade de se apoiarem em suas idéias”. Se já não bastassem os homens de Deus que mencionei citarem “frases, pensamentos, ideias... de pessoas incrédulas com a finalidade de se apoiarem em suas ideias”, o maior teólogo de todos os tempos, o apóstolo Paulo fez o mesmo! Não sabia? Então leia Atos 17. Ali você vai ler a defesa de Paulo diante dos gregos. Sabe o que aconteceu naquela ocasião? Paulo citou em sua defesa (que era uma defesa do cristianismo) palavras de poetas que não eram cristãos: “pois nele vivemos e nos movemos, e existimos, como alguns dos vossos poetas têm dito”.
“Anônimo”, a teologia da queda não propõe que os descendentes de Adão sejam incapazes de boas ações. A alienação do pecado não anula completamente a imagem de Deus nos homens. Todos os seres humanos, mesmo os mais vis, ainda carregam traços do Criador. Isto os habilita a praticar boas obras. Não podemos nos esquecer da imago Dei. A imagem de Deus no homem faz dele um portador dos sinais do Espírito-espírito. Esta imagem é capaz de levar o homem a expressar o ético e o estético divinos.
Na mente de muitos evangélicos, somente os verdadeiros filhos de Deus podem ser instrumentos para realizar os planos de Deus. Porém, Raabe, mesmo sem ter completo conhecimento de Jeová, ajudou os espias em Jericó; Ciro, o rei da Pérsia, foi usado como instrumento de Deus, mesmo sem ter-se convertido; o samaritano, ajudou o moribundo na beira do caminho entre Jerusalém e Jericó. Isto sem falar do livro de Provérbios que embora tenha sido compilado por Salomão, não foi ele quem escreveu a maioria daqueles adágios. A história prova que, muito antes de Salomão existir, já existiam vários provérbios que estão na Bíblia. Muitos dos provérbios bíblicos não foram escritos por homens convertidos a Jeová.
Jesus afirmou que os filhos das trevas são, muitas vezes, mais sábios que os filhos da luz. Um juiz não necessita converter-se para conduzir um tribunal com justiça; um fiscal pode manter-se íntegro sem jamais ter nascido de novo. Da mesma forma, um artista é capaz de pintar, compor, escrever ou esculpir obras de arte mesmo sem ter se submetido ao governo de Cristo.
Se um dia você “aparecer”, poderíamos conversar sobre aquilo que Lutero falou sobre o “Diabo de Deus”.
Se você faz parte de uma igreja Batista, você deveria jogar fora o Cantor Cristão, afinal muitas melodias dos hinos que existem ali foram feitas por homens “ímpios”. Bach criou muitas músicas para a igreja cantar. Muitas destas são cantadas até hoje! O hino de número 296 foi composto por Mozart para ser tocado em missas. O hino de número 30 foi composto por Joseph Mohr. Este homem era um adorador de Maria. Os hinos de número 9, 74, 177, 355 3 394 foi composto por John B. Dykes. Este homem foi um compositor inglês, pagão.
E para encerrar. Você tem filhos? Tire-os da escola onde ele estuda e os eduque em casa. Afinal, a literatura que as crianças estudam nas escolas foram feitos por santos? Nelson Rodrigues, Carlos Drummond, Vinícius de Moraes... nenhum deles era cristão. Drummond era declaradamente ateu. Você vai permitir que seus filhos estudem o que esses homens escreveram (e assinaram!)? você conhece algum professor (a) de português ou literatura que seja cristão? Censure-os! Olhe o material com o qual eles estão lidando!
“Anônimo” desculpe a ironia e o sarcasmo. Mas eu não consigo agir de outra maneira com “anônimos”. Caso você se identifique, poderemos conversar de uma maneira menos “provocante”.
Lembre-se de Jacó em Betel quando afirmou “O Senhor está neste lugar e eu não sabia”. (Gn.28:16) Talvez fosse prudente de sua parte também perguntar “Por que não fui capaz de perceber Deus estando aqui ou ali?”
Aquele que deseja experimentar Deus deve se aproximar dele levando consigo os sabiás, as palmeiras a terra. E quem deseja experimentar a plenitude dos sabiás, da palmeiras e da terra deve se aproximar deles a partir de sua experiência com Deus. Desta forma, reconciliamos Deus com sua criação, e a criação com seu Deus.

3 comentários:

  1. Primeiramente, decidi me permanecer anônimo por decisão própria. Se isso lhe encomoda, lamento. Segundo, meu comentário perdeu peso sim, pois você publicou apenas uma parte e não o todo, onde exponho algumas frase de Wood Allen.
    Terceiro, continuo reafirmando minha posição, que pastores evangélicos não deveriam citar palavras de incrédulos para se apoiarem no seu ponto de vista.
    Em Mateus 7.29 e Marcos 1.22 (versão Viva)diz:
    "porque Ele ensinava como alguem que tinha grande autoridade, e não como os líderes dos judeus."
    "O auditório ficou admirado do seu sermão, porque Ele falava com autoridade, e não procurava provar seus pontos de vista citando os outros, ao ontrário do que eles estavam acostumados ouvir."
    Jesus não era como os escribas, pois este líders apenas citavam outros, e não tinham a intenção de apresentar qualquer revelção nova.
    E é dessa forma como você agiu, em citar um comentário de Wood Allen.
    Paulo diz para retermos o que é bom em ITs 5.21 e não no versc.13. Paulo exorta os Tessalonicenses a ficarem atentos às falsas doutrinas e fala da vinda de Cristo.
    Conheço a graça comum e a salvífica tambem, mas não vou cometá-las, pois não é o assunto deste comentário. A partir da 21ª linha do seu comentário, você acabou colocando outros assuntos que nada tem a ver com o meu questionamento. Pois a questão não é o que de "bom" que essas pessoas fizeram, é o fato de elas usarem suas capacidades em prol do reino de Deus.
    "Pela fé Raabe, a meretriz, não pereceu com os incrédulos, acolhendo em paz os espias." (Hebreus 11 : 31
    Tenho certeza que ela está na glória. Ciro, Nabudonossor, Faraó, entre outros, foram usados por Deus sim, só que existe uma grande diferença entre uma pessoa servir a Deus como Faraó e como Moises, como Nabudonossor ou como o profeta Daniel. Todos são servos de Deus, uns vão para a perdição outros para a salvação.
    Em outro ponto, o correto é: Jesus afirmou que os filhos das trevas são, muitas vezes, mais PRUDENTES (cf preocupação; moderação,etc) que os filhos da luz, e não sábios!
    Não é de se admirar que os primeiros hinos do CC foram escritos ou traduzidos por Salomão Ginzburg, um Maçon etantos outros como voce mesmo já citou...
    Ironia e sarcasmo era o que eu espera de você...não sabe nem lidar com respeito a um irmão em Cristo quando este discorda do seu ponto de vista.
    A Palavra diz: "abstenha-se do mal", e "não peço que os tire do mundo".
    O cristão não deve se isolar, mas transformar o mundo em que vive. Não ninguem bom a não ser Deus.
    Meus comentários não são para mudar suas opiniões, mas como você colocou um artigo num meio de comunicação, está sujeito a receber críticas e elogios. Eu como leitor posso aceitá-los ou não!
    A paz de Cristo seja na sua vida!

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  2. Antes de responder, quero informar a todos aqueles que acompanham o “debate” que estou respondendo em duas postagens, pois não estou conseguindo colocar toda a resposta de uma vez. Recebo a mensagem que o conteúdo da minha resposta é grande demais. Se alguém puder me auxiliar nesta dificuldade, agradeço.
    Anônimo, nem sei por onde começar a responder seu comentário, de tanta informação errada ou imprecisa que você conseguiu passar em tão pouco espaço. Mas, vamos lá.
    1 - Fiquei impressionado com a sua decisão própria de permanecer anônimo. Se a decisão, que é sua, não fosse própria, seria de quem?
    2 - Quanto às frases do Woody Allen que não publiquei, desculpe. Não foi por "censura", é que ao "colar" o seu comentário no blog acabei deixando-as de fora. Não acho que elas vão dar algum peso aos seus argumentos, eles continuam como a pluma. Contudo, aqui estão:
    "Na realidade, prefiro a ciência à religião. Se me fizerem escolher entre Deus e o ar acondicionado, fico com o ar."
    "Não só de pão vive o homem. De vez em quando, ele também precisa de um trago."
    "Só existem duas coisas importantes na vida. A primeira é o sexo e a segunda eu não me lembro."
    3 - Que bom que você mantém a sua posição de que "pastores evangélicos não deveriam citar palavras de incrédulos para apoiarem o seu ponto de vista". Mas e Paulo, anônimo, o que você tem a me dizer? Ele citou os poetas gregos para apoiar o seu ponto de vista, ele estava errado? Será que a Bíblia está errada em publicar esta atitude de Paulo?
    4 - Eu não citei apenas Woody Allen, citei Lloyd-Jones, Michael Horton, e poderia citar muitos outros. Estes, como você insiste, pastores. E olha, são grandes! São como as Sequóias que escrevi num dos primeiros artigo de Junho.
    5 - Você diz conhecer a graça comum, mas prefere não comentá-la porque não é o assunto deste comentário. Como assim?! Se ao falarmos de Deus usando pessoas que não foram alcançadas pela graça salvífica, estamos falando de que então? Perdoe-me, mas ao que parece você não sabe nada a respeito da graça comum. Fica muito evidente que você nunca leu nada a respeito desta doutrina. Se leu pode me dizer quais são as suas fontes?
    A sua omissão ao tratar da graça comum não é porque "o assunto não diz respeito", mas porque você não sabe nada a respeito, se soubesse realmente, não cairia na besteira de afirmar que este assunto não possui nenhuma relação com a graça comum.

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  3. Continuando a resposta do comentário anterior:
    6 - Você disse: "Ciro, Nabudonossor, Faraó, entre outros, foram usados por Deus sim, só que existe uma grande diferença entre uma pessoa servir a Deus como Faraó e como Moises, como Nabudonossor ou como o profeta Daniel. Todos são servos de Deus, uns vão para a perdição outros para a salvação." Desculpe, mas não entendi absolutamente nada! Até que me esforcei, mas acho que sua argumentação foi elevada demais para mim.
    Se todos são servos de Deus, Deus não pode utilizar a todos? Ou Deus só pode utilizar àqueles que são salvos? Os que são condenados então não são usados por Deus? Se não são usados por Deus, como podem ser servos de Deus? Achei meio confuso, mas, meu entendimento não deve ter acompanhado o seu.
    Como já lhe disse na resposta, Deus utiliza quem Ele quer, na hora que quer. Citei vários textos bíblicos e me amparei em conceituados comentaristas bíblicos. Agora, onde está sua base bíblica para defender a sua tese de que Deus só se utiliza de pessoas salvas?
    7 - Deixe ver se eu entendi correto, você quis dizer que "os filhos das trevas" não são mais sábios que "os filhos da luz"? Amigo, os grandes cientistas e pensadores deste mundo, infelizmente, não confessaram a Cristo como seu Senhor e Salvador. Mas nem por isso, Deus deixa de utilizá-los no seu Reino. Deus os usa como instrumentos sem que eles saibam.
    8 - Por fim, acho que a sua camuflagem é porque você me conhece e não deseja me olhar de frente. Como você disse, "Ironia e sarcasmo era o que eu esperava de você". Como alguém pode me julgar sem me conhecer? Então você já deve ter cruzado o meu caminho, ou eu o seu.
    Além disso, o final de seu comentário é uma indireta bem direta, não é mesmo? Não me isolo do mundo nem me acho melhor do que ninguém. As Doutrinas da Graça me mostram como sou pecador, e como preciso, constantemente, da intervenção divina em minha vida. O meu "problema" é que tive a coragem de assumir o que penso, e como a fé reformada não é aceita por grande parte dos evangélicos, fiquei isolado nesta cidade onde seus habitantes não tem o hábito de assumir o que pensam e o que escrevem.
    Pode aparece, não tenho medo e nem mordo pessoas que pensam diferentemente de mim. O que não gosto é daqueles que "batem e correm", daqueles que não tem coragem de assumir o que pensam, de assinar o que escrevem. Não gosto é de anônimos, até porque, no céu não existem pessoas anônimas, os que ali estão, professaram e assumiram a sua fé, mesmo quando isto envolveu perigos para a sua vida.

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