Em seu diálogo com Jesus, Pilatos perguntou ao Filho de Deus: “O que é a verdade?” (Jo.18:38)
O desejo do governador romano é o mesmo de todo homem que já habitou este planeta. Todos querem saber a resposta para esta indagação. Todos buscam freneticamente alguma ajuda que possa lhes dar orientação em meio a tantas dúvidas e inquietações.
No filme Questão de Honra, o ator Tom Cruise faz o papel de um advogado da Marinha norte-americana que questiona um coronel, representado por Jack Nicholson, sobre o assassinato de um de seus homens. A dramática cena do tribunal transforma-se num grande bate-boca no qual Cruise acusa Nicholson de ser cúmplice do assassinato. Cruise: “Coronel, o senhor ordenou o Código Vermelho?” E o juiz interrompe: “O senhor não precisa responder a essa pergunta!” Nicholson diz: “Eu responderei a esta pergunta... você quer respostas?” Cruise: “Acho que foi designado para isso”. Nicholson: “Você quer respostas?” Cruise: “Eu quero a verdade!” Nicholson: “Você não pode suportar a verdade!”
Nicholson poderia muito bem estar gritando com a nossa sociedade, em vez de com Cruise, afinal, muitas pessoas ao nosso redor não suportam a verdade. Por um lado, exigimos verdade em praticamente todas as áreas da vida. Exigimos a verdade de entes queridos, ninguém quer ouvir uma mentira de um cônjuge ou de um filho; de médicos, queremos a receita do remédio correto e ter o procedimento médico adequado; dos corretores de ações da bolsa de valores, exigimos que nos digam a verdade sobre as ações que estão nos recomendando; dos tribunais, queremos que condenem apenas os verdadeiros culpados; dos empregadores, queremos que nos digam a verdade e que nos paguem de maneira justa; das companhias aéreas, exigimos aviões verdadeiramente seguros e pilotos realmente sóbrios. Esperamos a verdade quando escolhemos um livro de referência e lemos um artigo no jornal. Esperamos a verdade de anunciantes, professores e políticos. Pressupomos que as sinalizações das estradas, as bulas dos remédios, os rótulos das comidas revelem a verdade.
Exigimos a verdade em praticamente todas as facetas da vida que afetam o nosso dinheiro, os nossos relacionamentos, a nossa segurança e a nossa saúde. Contudo, apesar das firmes demandas pela verdade nessas áreas, muitos de nós, dizem que não estão interessados na verdade quando o assunto é moralidade ou religião. O fato é que muitos simplesmente rejeitam a idéia de que qualquer religião possa ser verdadeira. Esta é uma grande contradição! Exigimos verdade em tudo, exceto na moralidade e na religião. Por que dizemos: "Isso é verdade para você, mas não para mim", quando falamos sobre religião, mas nunca pensamos nessa falta de sentido quando estamos falando com um corretor de ações da bolsa de valores sobre o nosso dinheiro, ou com um médico sobre a nossa saúde?
Embora poucos admitam, nossa rejeição à verdade religiosa e moral está baseada em fundamentos volitivos e não intelectuais. Simplesmente não queremos submeter-nos a qualquer padrão moral ou doutrina religiosa. Desse modo, aceitamos cegamente as fracas afirmações de que “a verdade não existe”, de que “tudo é relativo”, “não existem absolutos”, “tudo é uma questão de opinião”, “você não deve julgar”. Talvez Agostinho estivesse certo quando disse que: "Nós amamos a verdade quando ela no ilumina, mas a odiamos quando ela nos convence. Talvez não possamos suportar a verdade".
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