sexta-feira, 4 de junho de 2010

CRISTÃOS PETER PAN


Nunca houve na história da Igreja tantos cristãos imaturos e sem conhecimento bíblico. É nítida a deterioração crescente do nível de maturidade espiritual na igreja. À medida que o conhecimento da verdade de Deus diminui, as pessoas seguem opiniões populares. Buscam sensações e experiências. Anseiam por milagres, curas e maravilhas espetaculares. Tateiam à procura de soluções fáceis e instantâneas para as provações rotineiras da vida. Elas se desviam rapidamente da verdade da Palavra de Vida e abraçam doutrinas que são apropriadas somente para os simples e ingênuos. Correm atrás de conforto e sucesso pessoal. O tipo de cristianismo que prevalece nesta geração talvez seja mais superficial do que o de qualquer outra época da história.
Um levantamento publicado pelo Grupo Barna de Pesquisas, em fevereiro de 1994, sugeriu que metade de todas as pessoas que se declaram “nascidas de novo” não tinham a menor idéia do que é referido em João 3:16. Grande porcentagem de cristãos evangélicos não podia explicar termos como “a Grande Comissão” ou “o evangelho”.
As igrejas estão, portanto, repletas de cristãos bebês – pessoas que estão na infância espiritual. essa é uma descrição apropriada, pois a característica que melhor define a criancinha é o egoísmo. As criancinhas são completamente egocêntricas. Gritam, se não obtêm o que querem, quando o querem. Não tem consciência de nada, exceto de suas próprias necessidades e desejos. Nunca agradecem nada. Não têm a capacidade de ajudar os outros; não podem dar coisa alguma. Só podem receber. E, certamente, não há nada errado nisso, quando ocorre na etapa natural da infância. Mas ver uma criança cujo desenvolvimento é tão paralisado, que ela nunca ultrapassa aquela etapa do egoísmo, é uma tragédia.
Esse é o estado espiritual de milhares de pessoas na igreja hoje. Estão totalmente preocupadas consigo mesmas. Desejam que seus próprios problemas sejam resolvidos e seu conforto pessoal, aumentado. Seu desenvolvimento espiritual é paralisado e permanecem em um estado perpétuo de incapacidade egoísta. Isto é evidência de uma anormalidade trágica.
A infância paralisada implica que as pessoas não discernem. Assim como um nenê engatinha pelo chão, levando à boca tudo o que encontra, assim também os nenês espirituais não sabem o que é bom para eles, bem como o que não o é. A imaturidade e a falta de discernimento andam lado a lado; são quase a mesma coisa.
A tendência de permanecer na imaturidade também existia nos tempos do Novo Testamento. Repetidas vezes, Paulo exortou os cristãos a crescerem em sua vida espiritual. em Efésios 4:14,15 ele escreveu: “Para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para o outro e levados ao redor por todo o vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo”.
O autor de Hebreus também abordou esta questão: “Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim, vos tornastes como necessitados de leite e não de alimento sólido. Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, porque é criança. Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal. Por isso, pondo de parte os princípios elementares da doutrina, deixemo-nos levar à maturidade”. (Hb.5:12-6:1)
O escritor da epístola aos Hebreus estava dizendo aos seus leitores: “Vocês são nenês. Já são crentes há tempo suficiente para serem mestres, porém, em vez disso, tenho de alimentá-los com leite. Preciso continuar lhes dando coisas elementares. Isso é trágico”.
A palavra “faculdades” neste texto de Hebreus não é uma referência aos sentimentos, às emoções ou a outros mecanismos sensoriais e subjetivos. O escritor desta epístola estava encorajando explicitamente os seus leitores a exercitarem a mente. Aquele que, “pela prática, tem as suas faculdades exercitadas para discernir” são pessoas sábias e prudentes que crescem saudavelmente com o alimento sólido da Palavra de Deus. O discernimento resulta de uma mente cuidadosamente discipulada. Não é uma questão de sentimentos, e o discernimento tampouco é místico.
O caminho ao discernimento é o caminho da maturidade espiritual, e o único meio de atingir maturidade espiritual é a proficiência na Palavra de Deus. Infelizmente esta não é a realidade da grande parte dos cristãos em nossos dias. O que temos hoje em nossas igrejas são cristãos Peter Pan que não querem crescer nunca.

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