quarta-feira, 2 de junho de 2010

A Televisão e a Alma Humana

Escrever sobre Televisão é a coisa mais fácil que existe, visto a Bíblia falar muito sobre ela. Existem muitos textos nas Sagradas Escrituras que alertam aos crentes quanto ao perigo deste aparelho, por exemplo: “Quem não perde sessão da tarde é filho da ociosidade”. “Quem se deleita com o Reality Show é inimigo da cultura e dos pensamentos nobres”. “Tudo que é desagradável, impuro, obsceno, ridículo, medíocre e infantil é observado nos programas de fofoca. Todo aquele que neles tem prazer não é sábio, mas néscio e tolo”. “Aquele que assiste novela é filho da insensatez e terá seu cérebro atrofiado”. “Se, meio dividido, você liga a televisão, e assiste a novela dos adolescentes, não se importe; tudo o que você precisa é de apenas meio cérebro para assistir a este programa alienante”.
Neil Postman, em seu livro, “Divertindo-nos até a morte” demonstra que a duração média de uma cena na TV americana é de apenas 3,5 segundos, isto acontece para que os olhos não descansem e sempre tenham algo novo para ver. Além disso, o ângulo da câmera está sempre mudando, com qual objetivo? Para que sempre exista algo novo para se ver. Outro detalhe importante é o fato de que o foco é aproximado e depois afastado e alguém diferente sempre aparece. Qual é o propósito? Algo diferente o tempo todo precisa acontecer.
Estes dados relacionados por Postman nos chamam a atenção para as pequenas ideologias com as suas grandes repercussões que estão por trás destes detalhes. Constantemente a TV transmite, de maneira indireta, pelos menos quatro mensagens que, dentre vários malefícios, estão destruindo o relacionamento do homem com Deus.
A primeira mensagem transmitida pela TV é a seguinte: “Algo se torna cansativo quando não está visualmente em movimento”. Para prender a atenção do telespectador as cenas precisam estar em constante movimento. O sujeito que em casa é telespectador, na igreja é ouvinte. Ele está mais acostumado a ver do que a ouvir. Logo, quem é que sai perdendo? Daí a necessidade de pregadores usarem em suas mensagens recursos visuais para “prender” a atenção do ouvinte que não sabe mais ouvir.
A segunda mensagem transmitida pela TV é a seguinte: “Se não for entretenimento, o programa não merece a nossa atenção”. As pessoas ao assistirem TV, vêm sendo educadas a sempre esperar algum entretenimento naquilo que estão assistindo. O sujeito que em casa é telespectador, na igreja fará as mesmas exigências. Ele quer novidade o tempo todo! Ele não se contenta com as mesmas liturgias, os mesmos rituais, as mesmas cenas, a mesma maneira de pregar... ele busca o espetáculo o tempo todo! Daí a busca insaciável de pregadores por novidades para saciar a sede do seu “cliente”. Daí o grande número de pastores que deixaram de ser pregadores e se transformaram em palhaços e comediantes, contando piadas e desprezando a pregação das Sagradas Escrituras.
A terceira mensagem transmitida pela TV é a seguinte: “O tempo de concentração das pessoas diminuiu consideravelmente”. Esta é uma das razões pelas quais as crianças, que ficam grudadas em frente à TV por tantos anos, possuem uma enorme dificuldade de aprendizado na escola. Elas simplesmente não estão acostumadas a se concentrar por tanto tempo. O mesmo acontece com os adultos, e o sujeito que em casa é telespectador, na igreja não consegue se concentrar mais do que dez ou quinze minutos na mensagem pregada. Logo, os pastores para não desagradarem os seus “clientes”, não pregam mais do que quinze minutos. Preparam mensagens do tipo “fast food”: Rapidamente preparada, de baixo custo, não muito nutritiva, não verdadeiramente satisfatória como uma dieta regular. Vivemos na época do “sermãozinho”, e “sermãozinhos” fazem “cristãozinhos”. Como disse John Stott: “O baixo nível dos cristãos é, mais que qualquer outra coisa, devido ao baixo nível da pregação cristã. O banco da igreja é um reflexo do púlpito”.
A quarta mensagem transmitida pela TV é a seguinte: “Não perca tempo refletindo, até porque você não consegue fazer isto”. A TV é capaz de nos enviar tantas mensagens ao mesmo tempo, que a nossa mente é incapaz de refletir adequadamente sobre tudo o que nos é apresentado. Simplesmente não conseguimos pensar em tudo o que nos é comunicado em tão pouco tempo. A TV não é como um livro, ela não abre espaço para a reflexão séria e profunda. A não ser que estejamos vendo um vídeo, não há como parar o programa e voltar a vê-lo depois. A TV continua sua exibição sem interrupções. O sujeito que em casa é um telespectador, na igreja é um alienado. As pessoas na igreja são incapazes de questionar, de argumentar, de discordar, de ponderar, de refletir sobre as mínimas coisas que acontecem na igreja.
O pregador norte-americano John Piper afirmou "Não temos possuído um aparelho de TV por 34 anos, exceto por três anos, quando estivemos na Alemanha e o usamos para aprender o idioma. Não existe virtude inerente nisto. Menciono-o apenas para provar que podemos criar cinco filhos sensíveis à cultura e informados biblicamente sem a TV. Eles nunca se queixaram disso. Na verdade, freqüentemente se admiram com o fato de que pessoas conseguem encontrar tanto tempo para assistirem TV".
J. Blanchard tinha razão quando afirmou que “se o exercício feito pelo homem em seu período de lazer consiste apenas em mudar de canais, não serão apenas suas pernas que ficarão atrofiadas”.

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