O Salmo 127 é uma oração de súplica e nos fala de muitas coisas importantes: de restauração, de sonho, de lágrimas, de trabalho, de esperança, de alegria. Mas, acima de tudo, ele nos fala de um grande Deus que opera grandes coisas em favor dos seus.
O povo de Israel era um povo muito festivo. Anualmente eles comemoravam pelo menos sete festas: Páscoa, Colheita, Primícias, Lua Nova, Trombetas, Purim e Expiação. Algumas destas festas duravam até oito dias. Festas de casamento duravam, normalmente, 2 semanas. Estas comemorações expressavam um dia ou período de grande alegria religiosa, a exceção era festa da Expiação. Nesses festivais os homens reconheciam a Deus como seu provedor e lembravam-se do livre e ilimitado favor do Senhor para com eles.
As festividades eram caracterizadas por sacrifícios, orações, comida, presentes, música e grande alegria. Os jejuns estavam proibidos. Eram feitos churrascos de carneiros e bezerros que eram servidos com vinho e regados com danças e músicas. Todas as festas existiam como gratidão pelas abundantes bênçãos de Deus.
Estas celebrações eram feitas com grande alegria e isto era mandamento de Deus. Alegrar-te-ás perante o Senhor teu Deus, na tua festa, tu e teu filho, e tua filha, e o teu servo, e a tua serva, e o levita, e o estrangeiro, e o órfão e a viúva, que estão no meio de ti. Lembrar-te-ás de que foste servo no Egito. Sete dias celebrarás a festa ao Senhor teu Deus, porque o Senhor teu Deus há de abençoar-te em toda a tua colheita, e em toda obra das tuas mãos, pelo que te alegrarás totalmente. (Deuteronômio 16:14,15)
Percebam, o sentido religioso não era incompatível com o prazer nas coisas terrenas e temporais. Toda aquela alegria, que se expressava daquela forma, eram recebidas como oferta suave pelo Senhor. É por isso que algumas vezes encontramos Deus desprezando e abominando aquelas festas: “De que me importam os vossos inúmeros sacrifícios, diz o Senhor. Estou farto de sacrifícios de carneiros e da gordura de bezerros cevados; no sangue de carneiros e de bodes não tenho prazer. Basta de me trazer oferendas vãs: elas são para mim abominação”. (Isaías 6)
O desprezo de Deus aqui em Isaías não era porque as festas em si mesmas fossem de pouca espiritualidade. A repudia do Senhor era porque os israelitas se haviam desviado dos verdadeiros propósitos espirituais. Deus não estava censurando o sistema de festas e sacrifícios que Ele mesmo estabelecera. Ele estava condenando a hipocrisia dos participantes: “As vossas festas, a minha alma as detesta: elas são para mim um fardo; estou cansado de carregá-lo. Não posso suportar iniqüidade associada a solenidade. Lavai-vos, purificai-vos! Tirai da minha vista as vossas más ações! Cessai de praticar o mal, aprendei a fazer o bem! Buscai a justiça (justiça social), denunciai os opressores! Defendei o direito dos pobres e necessitados”.
Deus não admitia a falsidade dos participantes. As pessoas celebravam o Seu nome, mas não o amavam. Imagine se no seu aniversário você tivesse que comer, cantar e se alegrar com pessoas que não te respeitam e que não se importam com você.
Tudo isto nos mostra que Deus ama as festividades. Foi Ele quem instituiu as festas para a alegria do Seu povo. Jesus comparou o Reino de Deus a uma festa de casamento com um grande banquete. No único relato que temos da infância de Jesus, Ele tinha ido a uma festa. Jesus participava das festas religiosas, de casamento e dos jantares oferecidos pelos publicanos. Jesus freqüentou tantas festas que chegou a ser chamado de comelão e bebedor de vinho.
É lamentável como evitamos falar desta característica humana da personalidade de Jesus. É impressionante como a humanidade de Deus nos incomoda. Porque nos incomoda? Porque queremos ser mais espirituais que o próprio Deus. Exorcizamos tudo que é terreno e material para vivermos num mundo apenas espiritual. Isto, quando o próprio Deus, que é espírito, quis se tornar carne, possuir um corpo, ser homem.