quarta-feira, 30 de junho de 2010

COMO LIDAR COM A DÚVIDA

O relato da crucificação feito por Marcos em seu Evangelho nos mostra que vários sentimentos estavam presentes no coração das pessoas que acompanhavam a crucificação: Ódio, falsidade, inveja, raiva, espanto, incredulidade, perdão, amor... e muitos outros.
Existe um sentimento que, apesar de não ser citado diretamente, está presente na maioria das pessoas: a dúvida. Pilatos não tinha certeza se Jesus era ou não quem dizia ser: “És tu o rei dos judeus?”. A multidão que pediu para crucificar foi a mesma que anteriormente bradou: “Hosana ao que vem em nome do Senhor”.
Isto prova que eles estavam com o coração dividido, inseguro e duvidoso. Ao que parece, nem todos os soldados estavam certos de estar fazendo a coisa certa. O líder deles, o centurião, convenceu-se de que Jesus era realmente o Filho de Deus. Num outro lugar, é dito que até mesmo entre os fariseus houve discordância sobre a morte de Jesus. Nicodemos, que sepultou a Cristo, e ao que parece tornou-se um discípulo de Jesus, era fariseu. A palavra dos fariseus a Jesus em Marcos 15:32 deixa transparecer a incerteza em seus corações.
A dúvida não é um sentimento presente apenas na mente dos céticos e incrédulos. Ela faz parte da nossa fragilidade como seres humanos. Somos criaturas limitadas no poder, no conhecimento e na perspectiva. Não vemos como deveríamos ver, e muitas vezes duvidamos do que vemos. “Vemos como em espelho, obscuradamente”. (I Cor. 13:12) C.S. Lewis certa vez escreveu uma carta a um amigo que dizia o seguinte: “Creio que meu problema é falta de fé, não tenho base racional para voltar aos debates que me convenceram da existência de Deus. Mas a sobrecarga irracional dos antigos hábitos de ceticismo, mais o espírito desta era, mais os cuidados de cada dia, roubam de mim toda sensação agradável da verdade. E muitas vezes, quando oro, penso se não estou enviando uma carta para um endereço inexistente. Veja bem, não penso assim – minha mente racional está completamente convencida. Porém, muitas vezes, eu me sinto assim”.
Certa vez um homem disse a Jesus: “Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé”. (Mc. 9:24) Estas palavras expressam com perfeição a ansiedade de muitos corações convertidos ao Senhor. A verdade é que muitas vezes, diante de várias situações cremos, mas temos medo; cremos, mas não estamos seguros quanto ao que desejamos; cremos, mas achamos que não merecemos tamanha graça; cremos, mas ainda somos incrédulos. Esquecemos que da mesma forma como não somos nós que criamos a fé, nós também não podemos comandá-la. Daí a necessidade de clamar ao Senhor como aquele homem: “Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé”.
É surpreendente o número de cristãos que preferem não falar sobre a dúvida. Existem pessoas que se recusam até mesmo a pensar nela. Para estas pessoas admitir que a dúvida existe é o mesmo que insultar a Deus, é acreditar que este sentimento é sinal de fraqueza intelectual ou espiritual, é revelar algo impróprio, é ter medo de parecer idiota. O problema é que ao sufocar a dúvida, a fé fica estagnada. No caso do homem que pediu ajuda na sua falta de fé, bem como na dúvida de Tomé, o que lhes permitiu superar as fronteiras da incredulidade foi a capacidade de reconhecer as limitações e dificuldades. Eles não esconderam suas dificuldades sob o manto da falsa piedade, das afirmações desconectas da vida.
Um dos grandes problemas do homem é que ele anseia por atalhos, e estes, geralmente, nos afastam do crescimento. Se Jó não passasse pelo que passou ele não teria sido o grande homem que se tornou. Alguém já disse que ”Uma fé como a de Jó não pode ser sacudida, pois é o resultado de ter sido sacudida”.
Analisando esta tendência humana de não querer enfrentar os dilemas da vida, Kierkegaard, afirmou o seguinte: “Os cristãos são como os estudantes de matemática que desejam olhar as respostas dos problemas no final do livro, em vez de resolver os problemas”. A dúvida é um convite para crescer na fé e no entendimento, e não algo que deva nos levar ao pânico ou à preocupação. “Os enigmas de Deus algumas vezes são mais satisfatórios e didáticos do que as Suas respostas”. (Chesterton)
A dúvida sempre será uma característica permanente da vida cristã por dois motivos. Primeiro, por causa do nosso pecado. A desconfiança em Deus fez parte do primeiro pecado cometido pelo homem. A serpente levou o primeiro casal a questionar as promessas e proibições de Deus. O pecado muitas vezes nos leva a desconfiar das promessas divinas. Portanto, devido ao pecado que nos acompanhará enquanto estivermos neste mundo, a dúvida será uma companhia sempre presente em nossas mentes: “Agora, vemos como em espelho, obscuradamente.. agora, conheço em parte” (I Cor. 13)

O segundo motivo pelo qual a dúvida sempre será uma característica permanente da vida cristã é por causa da fragilidade humana. Todos nós temos os nossos limites! Há muita coisa que não podemos fazer, ver ou saber, porque não somos divinos. Nossa mente minúscula é incapaz de compreender verdades deste universo de Deus e do próprio Deus. Não adianta tentar entender tudo, que não vamos conseguir.
Talvez o nosso maior problema resida no fato de que quando não somos capazes de entender algo por completo, duvidamos de que aquilo seja verdade. E aí, interpretamos a nossa incapacidade de entender alguma coisa como sinal de que esta coisa não é verdadeira, muito menos real. O que acontece é que a verdade é muito diferente disto. Existem coisas no mundo – inclusive o evangelho e suas verdades – que são grandes demais para a nossa mente alcançar. A grande questão é aprender a conviver com este dilema.
Imagine que alguém queira ver as estrelas. Isto é impossível de dia, será preciso esperar a noite chegar. Mas as estrelas não estão no mesmo lugar durante o dia? O que acontece é que o olho humano não é preciso o suficiente para percebê-las durante o dia. Somente com a escuridão da noite é que o homem consegue ver as estrelas. As estrelas não precisam da escuridão para existir, contudo, o homem precisa da escuridão para visualizá-las. O mesmo acontece em relação a Deus. Assim como nossos olhos não enxergam as estrelas de dia, nossa mente não consegue captar a plenitude de Deus. O problema é como vemos as coisas, e não como elas realmente são.
Nosso orgulho nos leva a acreditar que temos de conseguir provar sem sombra de dúvida que determinadas coisas (por exemplo, a existência de Deus) são verdade, mas não é assim. Estar preparado para aceitar as limitações é parte essencial do crescimento na fé. Saber que eu jamais saberei determinadas coisas faz parte da santificação. Compreender que existem mistérios que são incompreensíveis é progredir na fé!
Ironicamente, só quando usamos o raciocínio começamos a entender os seus limites. “A razão é a última etapa para se perceber que há um número infinito de coisas que está além dela. A razão é simplesmente medíocre se não chega ao ponto de entender isto”. (Pascal) O que foi que Shakespeare falou a Horácio? “Há mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que jamais sonhou sua vã filosofia”. Albert Einstein ao escrever à rainha Elizabeth da Bélgica, afirmou o seguinte: “O ser humano foi dotado de inteligência para ser capaz de enxergar com clareza como essa inteligência é totalmente inadequada quando se confronta com o que existe”.
Nada mais natural do que querermos ver e saber cada vez mais, contudo, precisamos aceitar que existem limites para o que conseguimos entender e para o que podemos provar. Ignorar isto é tentar enxergar as estrelas em plena luz do sol. Ignorar as nossas limitações é dizer: “não consigo ver as estrelas de dia, então elas não estão lá”. Isso é confundir nossa percepção com a realidade. A forma como enxergamos as coisas não é necessariamente, como elas são. Portanto, pode ser que muitas dúvidas de nossa mente estejam lá por causa do nosso orgulho ou pela falta de humildade em reconhecer que existem verdades que jamais serão conhecidas.
O que precisamos fazer diante desta realidade, é descansar em Deus, e isto é fé. E como fé não é algo que produzimos, mas é algo que Deus nos concede, precisamos clamar para que Ele nos ajude diante de nossas angústias, dúvidas e anseios: “Eu creio, ajuda-me na minha falta de fé”.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Resposta ao "Anônimo"

Como não tive espaço suficiente na janela de comentários para responder ao “Anônimo” pela crítica feita ao artigo “A Vontade de Deus”, resolvi colocar minha resposta em forma de artigo. Assim, ofereço a todos os leitores mais uma de minhas reflexões.
Olá “Anônimo”, antes de qualquer defesa, gostaria de expressar minha tristeza por você não se identificar. Isto faz com que seu comentário além de perder o peso, caia naquela vala escura e suja onde estão apodrecendo no esquecimento aqueles que não tem a coragem de assumir as suas ideias e posicionamentos. Wood Allen certamente tinha vários erros, mas este ele não cometeu, ele assinava aquilo que escrevia.
Não vou ficar respondendo e muito menos publicando os comentários daqueles que não assumem o que pensam. Mas vou abrir uma exceção pelo fato de você ser a primeira pessoa a fazer uma crítica no blog.
Quanto a sua crítica, gostaria de informá-lo sobre algumas verdades que talvez você desconheça completamente.
Primeiro, não devemos desprezar uma ideia por causa da fonte. Esqueceu o conselho de Paulo? “Examinai tudo, retende o que é bom”. (I Ts. 5:13)
Além disso, “Anônimo”, você já ouviu falar de “graça comum”?
Graça comum são operações gerais e não salvíficas. Jesus falou sobre isto ao mencionar “a verdadeira Luz que ilumina todo homem”. (Jo.1:9) É uma espécie de luz natural, de entendimento natural. É a luz que jaz na consciência de cada pessoa nascida neste mundo. Por exemplo, o senso de certo e errado da humanidade é uma manifestação da graça comum. M. Lloyd-Jones, considerado por muitos o maior expositor bíblico do século passado nos orientou dizendo o seguinte: “Graça comum é o termo aplicado àquelas bênçãos gerais que Deus comunica a todos os homens e mulheres, indiscriminadamente, como Lhe apraz, não só a seu próprio povo, mas a todos os homens e mulheres, segundo o Seu beneplácito. Graça comum significa aquelas operações gerais do Espírito Santo nas quais sem renovar o coração, Ele exerce influência moral por meio da qual o pecado é restringido, a ordem é preservada na vida social e a justiça civil é promovida”. Todo senso de moralidade, de retidão e de religião, a crença em bondade, beleza e verdade, é tudo resultado da operação do Espírito Santo através da graça comum”.
Portanto, a ideia de que Deus nada tem a ver com o mundo incrédulo é antibíblica. Lembre-se de que em Romanos 13, Paulo nos diz que é Deus quem institui as autoridades e governos. E, desculpe se isto te escandaliza, mas Deus está atuando diretamente nas decisões “mundanas”! Como disse Lloyd-Jones: “Mesmo aqueles que não são salvos estão sob a influência do Espírito Santo. Essa influência não é de caráter salvífico nem possui uma influência redentiva, e sim, é uma parte do propósito divino”.
Ao contrário do que você escreveu, Deus, através da graça comum, está presente na literatura, arquitetura, pintura, música... Veja o que disse Lloyd-Jones: “Ora, de onde vêm todas estas coisas? Como vocês explicariam pessoas como Shakespeare ou Miguelângelo? A resposta das Escrituras é que todas essas pessoas tinham seus dons e eram capazes de exercê-los como resultado da operação da graça comum, esta influência geral do Espírito Santo. Há os que se inclinam a gloriar-se em Shakespeare, como se ele mesmo fosse o autor de suas faculdades, mas não era. Ele possuía somente aquilo que havia recebido de Deus. Todos esses dons que homens e mulheres possuem vêm de Deus. E essa é a razão por que cristãos genuínos, ao voltarem seus olhos, não só para criação, como também para cultura, descobrem uma razão para glorificarem e para louvarem a Deus”.
Acho que você nao simpatizou muito com o Dr. Lloyd-Jones, não é verdade? Então deixe-me citar outro grande homem de Deus – este camarada ainda está vivo, se você não gostar do que ele escreve (e assina) pode discutir com ele (desde que no seu debate, você assuma o que diz, é claro): “Deus está envolvido em toda a vida e não se limita ao religioso. Ele está tão envolvido com a criação quanto com a redenção, interessado tanto no comum quanto no sagrado. Na arte, nós estamos novamente no âmbito da criação, não da redenção; graça comum, e não salvadora; o secular e não sagrado. Contudo, a criação, o comum, e o secular todos têm a bênção de Deus mesmo sem que tenham utilidade na igreja ou em missões evangelísticas”. (Michael Horton)
Portanto, uma pessoa não-convertida pode produzir algo nobre, que leve à reflexão, que edifique? Claro que sim! Um erudito como Rui Barbosa, nunca pertenceu a nenhuma igreja evangélica, no entanto, escreveu belíssimos ensaios sobre o direito e a cidadania. São tão dignos, que são usados como ilustração em muitos sermões de grandes pastores por esse Brasil. Um estadista como Winston Churchil, nos brindou com discursos grandiosos. Pastores ao redor do mundo aplaudem as magníficas palavras deste homem que ao que parece, não era cristão.
E agora uma informação que certamente você desconhece, do contrário não teria dito no seu comentário: “É lamentável, o fato de pastores evangélicos citar frases, pensamentos, idéias, ponto de vista, análises, livros, músicas, ou qualquer outra coisa de pessoas incrédulas com a finalidade de se apoiarem em suas idéias”. Se já não bastassem os homens de Deus que mencionei citarem “frases, pensamentos, ideias... de pessoas incrédulas com a finalidade de se apoiarem em suas ideias”, o maior teólogo de todos os tempos, o apóstolo Paulo fez o mesmo! Não sabia? Então leia Atos 17. Ali você vai ler a defesa de Paulo diante dos gregos. Sabe o que aconteceu naquela ocasião? Paulo citou em sua defesa (que era uma defesa do cristianismo) palavras de poetas que não eram cristãos: “pois nele vivemos e nos movemos, e existimos, como alguns dos vossos poetas têm dito”.
“Anônimo”, a teologia da queda não propõe que os descendentes de Adão sejam incapazes de boas ações. A alienação do pecado não anula completamente a imagem de Deus nos homens. Todos os seres humanos, mesmo os mais vis, ainda carregam traços do Criador. Isto os habilita a praticar boas obras. Não podemos nos esquecer da imago Dei. A imagem de Deus no homem faz dele um portador dos sinais do Espírito-espírito. Esta imagem é capaz de levar o homem a expressar o ético e o estético divinos.
Na mente de muitos evangélicos, somente os verdadeiros filhos de Deus podem ser instrumentos para realizar os planos de Deus. Porém, Raabe, mesmo sem ter completo conhecimento de Jeová, ajudou os espias em Jericó; Ciro, o rei da Pérsia, foi usado como instrumento de Deus, mesmo sem ter-se convertido; o samaritano, ajudou o moribundo na beira do caminho entre Jerusalém e Jericó. Isto sem falar do livro de Provérbios que embora tenha sido compilado por Salomão, não foi ele quem escreveu a maioria daqueles adágios. A história prova que, muito antes de Salomão existir, já existiam vários provérbios que estão na Bíblia. Muitos dos provérbios bíblicos não foram escritos por homens convertidos a Jeová.
Jesus afirmou que os filhos das trevas são, muitas vezes, mais sábios que os filhos da luz. Um juiz não necessita converter-se para conduzir um tribunal com justiça; um fiscal pode manter-se íntegro sem jamais ter nascido de novo. Da mesma forma, um artista é capaz de pintar, compor, escrever ou esculpir obras de arte mesmo sem ter se submetido ao governo de Cristo.
Se um dia você “aparecer”, poderíamos conversar sobre aquilo que Lutero falou sobre o “Diabo de Deus”.
Se você faz parte de uma igreja Batista, você deveria jogar fora o Cantor Cristão, afinal muitas melodias dos hinos que existem ali foram feitas por homens “ímpios”. Bach criou muitas músicas para a igreja cantar. Muitas destas são cantadas até hoje! O hino de número 296 foi composto por Mozart para ser tocado em missas. O hino de número 30 foi composto por Joseph Mohr. Este homem era um adorador de Maria. Os hinos de número 9, 74, 177, 355 3 394 foi composto por John B. Dykes. Este homem foi um compositor inglês, pagão.
E para encerrar. Você tem filhos? Tire-os da escola onde ele estuda e os eduque em casa. Afinal, a literatura que as crianças estudam nas escolas foram feitos por santos? Nelson Rodrigues, Carlos Drummond, Vinícius de Moraes... nenhum deles era cristão. Drummond era declaradamente ateu. Você vai permitir que seus filhos estudem o que esses homens escreveram (e assinaram!)? você conhece algum professor (a) de português ou literatura que seja cristão? Censure-os! Olhe o material com o qual eles estão lidando!
“Anônimo” desculpe a ironia e o sarcasmo. Mas eu não consigo agir de outra maneira com “anônimos”. Caso você se identifique, poderemos conversar de uma maneira menos “provocante”.
Lembre-se de Jacó em Betel quando afirmou “O Senhor está neste lugar e eu não sabia”. (Gn.28:16) Talvez fosse prudente de sua parte também perguntar “Por que não fui capaz de perceber Deus estando aqui ou ali?”
Aquele que deseja experimentar Deus deve se aproximar dele levando consigo os sabiás, as palmeiras a terra. E quem deseja experimentar a plenitude dos sabiás, da palmeiras e da terra deve se aproximar deles a partir de sua experiência com Deus. Desta forma, reconciliamos Deus com sua criação, e a criação com seu Deus.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

A Vontade de Deus


Woody Allen certa vez afirmou que “se você quer fazer Deus rir, conte a Ele seus planos”. A vontade divina sempre é um assunto de muita polêmica e discordância. Dialogar sobre a Vontade Ativa e a Vontade Permissiva de Deus sempre foi assunto recorrente na pauta dos teólogos e filósofos. Por exemplo, Deus ordenou ou apenas permitiu a morte, o acidente e a doença de um ente querido? Deus ordenou ou permitiu que as pessoas fossem para o inferno? Deus ordenou ou permitiu o pecado? Deus ordenou ou permitiu as catástrofes naturais? Se Deus já sabia do que iria acontecer – pecado, doenças, mortes, catástrofes - por que Ele não evitou?
Portanto, este é um tema de muito debate e não sou eu - e nenhum homem na terra - que irá esgotar o assunto. Nesta questão existem mais perguntas do que respostas, e parece que quanto mais escavamos, mais percebemos quão pouco sabemos. No entanto, quero dar a minha contribuição com algumas verdades que podemos encontrar nas Escrituras Sagradas.

Em primeiro lugar, a manifestação da vontade de Deus é secreta e imprevisível, porque Deus é Deus. Não podemos afirmar que Deus fará algo, só porque Ele já fez assim, ou porque queremos que Ele faça. A maneira de Deus se manifestar depende de Sua vontade. Quando apareceu a Elias, diz o texto bíblico que Deus veio no meio de “uma brisa suave”; mas quando desceu no Pentecostes, a presença divina fez-se sentir através de um “vento impetuoso”. Imagine se existisse um grupo dentro da igreja primitiva que fizesse a seguinte afirmação: “Deus só se manifesta através de uma brisa suave, basta lembrarmos da experiência de Elias”. Provavelmente aconteceria a primeira divisão dentro da igreja recém nascida. De um lado ficaria o grupo “Ultraconservador da brisa suave” e do outro lado o grupo que percebeu a nova forma de Deus se manifestar, o grupo “Pentecostal renovado do vento impetuoso”.

Os métodos de Deus são sempre surpreendentes, às vezes parecem até mesmo ilógicos. Muitas vezes não fazem muito sentido em nossas mentes finitas. Quem poderia imaginar que um pastor de ovelhas fosse capaz de matar um soldado como Golias? Quem poderia supor que as poderosas muralhas de Jericó cairiam quando o povo caminhasse em volta da muralha tocando aquelas trombetas? Que estratégia absurda retirar Elias da presença de Acabe! O mais certo era mantê-lo na presença do rei como uma espécie de espora, pressionando-o à submissão. Portanto, por mais vontade que tenhamos de entender a manifestação da vontade de Deus, na maior parte das vezes, não entenderemos!

Outra verdade preciosa que encontramos nas Escrituras sobre a vontade de Deus é que ela é imutável. Conquanto possa parecer contradição com o que acabei de falar, não é. Os métodos e a manifestação divina podem mudar, mas os seus princípios e a sua vontade jamais! A vontade divina não é como a do homem que “dá e passa". A vontade de Deus é imutável, e por causa disto, também é soberana sobre todas as outras. Nada do que Deus decidiu fazer vai mudar. Ninguém pode fazer Deus voltar atrás ou impedi-lo de concretizar os seus propósitos. Existem certas coisas que Deus decretou que jamais mudarão. Por exemplo, se todas as pessoas do mundo orassem para que Jesus não voltasse, ainda assim, Ele voltaria.

Alguém pode perguntar: “Se a vontade de Deus é imutável, então por que orar?”. Não é porque a vontade de Deus é imutável que não devemos "lutar" com Deus em oração. Abraão, Jacó, Moisés e muitos outros lutaram com Deus em oração. Diz-nos o pastor Ricardo Barbosa que “A oração não altera a mente de Deus, mas ela modifica as coisas. Um exemplo disto pode ser visto ao olharmos para a vida de Jó. Os animais de Jó foram roubados pelos sabeus e pelos caldeus. Suponhamos que os caldeus tivessem orado: “Não nos conduzas à tentação, mas livra-nos do maligno.” Mesmo assim os animais de Jó teriam sido roubados, porém, os sabeus e os caldeus não seriam responsáveis por este roubo. Deus não alteraria seus planos, mas modificaria as circunstâncias”. Ricardo Barbosa nos lembra neste exemplo, daquilo que disse Kierkegaard: "A oração não muda a Deus, mas muda aquele que a faz". Ou seja, o propósito da oração deve ser ajustar nossas expectativas àquilo que Deus já decidiu.

Outra pergunta freqüente sobre a oração e a vontade de Deus é a seguinte: “Se a vontade de Deus é imutável então porque que existem passagens na Bíblia que deixam a entender que a vontade e os propósitos e de Deus mudaram?” Entre os exemplos de recuo depois da ameaça de juízo estão a oração de Moisés para evitar a destruição do povo de Israel (Êx.32:9-14), o acréscimo de 15 anos a vida de Ezequias (Is.38:1-6), o fato de Deus ter voltado atrás na decisão de julgar Nínive (Jn.3:4,10). Existem passagens nas quais se diz que Deus está arrependido de ter feito alguma coisa: (Gn.6:6) = Deus se arrependeu de ter feito o homem na terra, (I Sm.15:10) = O arrependimento de Deus de ter ungido a Saul como rei.

Para entendermos esta questão é necessário fazermos algumas considerações importantes. A intenção de Deus quando fez a ameaça era aquela mesma. Porém, quando a situação mudou, a intenção divina também mudou. Isto não ataca em nenhum momento a imutabilidade de Deus. Esta mudança de atitude, não significa mudança na natureza, nos atributos ou nas promessas de Deus. Isto quer dizer que Deus reage de modos diversos a situações diferentes. O caso de Jonas nos ajuda a entender isto. Deus viu a iniquidade de Nínive e mandou Jonas proclamar: “ainda 40 dias, e Nínive será destruída”. Embora o verso não diga, a possibilidade de Deus retirar o juízo se o povo se arrependesse, está implícito na advertência. O propósito da proclamação da advertência é provocar arrependimento. Quando o povo se arrependeu, a situação foi modificada. Deus reagiu de modo diferente a essa nova situação: “viu Deus o que fizeram (se converteram do seu mau caminho) e Deus se arrependeu do mal que tinha dito que lhes faria e não o fez” (Jn.3:10)

Os casos de Ezequias e de Moisés são semelhantes. Deus dissera que enviaria o juízo, e era uma declaração verdadeira, desde que a situação permanecesse a mesma. Mas a situação mudou e, desta maneira, Deus reagiu a esta nova situação atendendo a oração e descartando o juízo. “Deus agiu assim com Moisés, com os ninivitas e com Ezequias para incitá-los à oração” (Spurgeon)
Será que Deus não sabia que o povo de Nínive se arrependeria, que Moisés iria clamar pelo povo, alcançando perdão, que Ezequias viveria mais 15 anos? Se Deus sabia destas coisas, então ele não mudou!

Quanto aos textos bíblicos que afirmam que “Deus se arrependeu”, devemos lembrar do fato de que existem sentimentos de divinos que são próprios dEle, e não das criaturas. Como expressar sentimentos divinos para seres humanos? Isto é o que a teologia denomina de Antropomorfismo, atribuir sentimentos humanos a Deus. Portanto, não significa que Deus se arrependeu como um ser humano se arrepende. O que aconteceu foi que não existindo uma palavra humana para descrever o sentimento de Deus naquele momento, o autor sagrado usou a palavra humana mais próxima do sentimento de Deus, que no caso, era arrependimento. Ninguém dissuade Deus de fazer alguma coisa que Ele decide fazer, basta observarmos o que dizem os textos de Jó 42:2; Pv:19:21; Is.14:24,27; Is.43:13.

Se a vontade de Deus é imutável e eterna, consequentemente ela não poderá ser resistida. Ela é sempre vencedora por causa do seu poder. Em Atos16:6-10 vemos que Paulo e Timóteo estavam querendo cumprir a vontade de Deus de pregar o evangelho, mas tudo dava errado. Eles resolveram ir para a Ásia, depois para Bitínia. Nos dois locais eles foram impedidos. Isto aconteceu pois o plano de Deus era que eles fossem para a Macedônia. Mesmo quando queremos fazer o que é certo, se esta não for a vontade de Deus nós não faremos! “Onde qualquer cristão piedoso roga: ‘Querido Pai, faça-se a sua vontade’, ele responde do alto: ‘Sim, meu filho querido, sem dúvida será e sucederá assim, a despeito do diabo e do mundo inteiro”. (Lutero)

Também é interessante perceber a relação da Palavra de Deus com a Vontade de Deus. Quanto mais você conhece a Palavra de Deus, menos confusa será a vontade de Deus para você. Normalmente, aqueles que têm menos problemas com a vontade de Deus são os que mais conhecem a sua Palavra, afinal, a Palavra e a Vontade de Deus estão conectadas de maneira inseparável. Sendo assim, para saber a vontade de Deus não use o “método da janela aberta”. Este método é aquele onde alguém fecha os olhos e aponta para um versículo da Bíblia com o dedo e diz: “Esta é a direção que Deus está me apontando”. Se fizer isso, você poderá deparar com o verso: “Então, Judas retirou-se e foi enforcar-se”. Este tipo de direcionamento tem sido chamado por alguns teólogos de “teologia vodu”. Normalmente as pessoas entram em confusões e depois dizem “Deus me orientou”. E a verdade é que Deus não tem nada a ver com isso.

Uma última lembrança sobre a vontade de Deus. Quando ensinou os discípulos a orar, Jesus disse-lhes que orassem ao Pai pedindo: "Seja feita a sua vontade". Esta súplica aparece logo depois de outro pedido: "venha a nós o teu reino". Ou seja, quando o reino de Deus se faz presente em nossa vida, nada haveremos de querer, senão a vontade de Deus.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Os Cinco Macacos


Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula. No meio, uma escada e sobre ela um cacho de bananas. Quando um macaco subia na escada para pegar as bananas, os cientistas jogavam um jato de água fria nos que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros o pegavam e enchiam de pancada. Com mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas.


Então, os cientistas substituíram um dos macacos por um novo. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não subia mais a escada. Um segundo macaco foi substituído e o mesmo ocorreu; tendo o primeiro substituto participado com entusiasmo na surra ao novato. Um terceiro foi trocado e o mesmo ocorreu. Um quarto, e afinal, o ultimo dos veteranos foi substituído. Os cientistas então ficaram com um grupo de cinco macacos que mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse pegar as bananas.

Se fosse possível perguntar a algum deles porque eles batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: - "Não sei, mas as coisas sempre foram assim por aqui".


Einstein estava certo "é mais fácil desintegrar um átomo que um preconceito".


quinta-feira, 17 de junho de 2010

ARMAS

Qual a mais forte das armas,
A mais firme, a mais certeira?
A lança, a espada, a clavina, ou a funda aventureira?
A pistola? O bacamarte? A espingarda, ou a flecha?
O canhão que em praça forte faz em dez minutos brecha?
Qual a mais firme das armas?
O terçado, a fisga, o chuço?
O dardo, a maça, o virote?
A faca, o florete, o laço, o punhal, ou o chifarote?...
A mais tremenda das armas,
Pior que a durindana,
Atendei, meus bons amigos:
Se apelida: a língua humana!

FOFOCA


Existe entre os cristãos uma triste tendência de escutar maus boatos e acreditar neles sem primeiro dar à pessoa injuriada qualquer oportunidade de explicar seu ponto de vista e defender seu caráter. A não ser que seja grandemente dominado pela graça, há no coração de todo ser humano um enorme prazer em ouvir qualquer coisa que possa reduzir os outros ao seu nível ou rebaixá-lo diante do mundo. Quanto mais os outros são desvalorizados, mais nos sentimos elevados.
Lourenço Stelio Rega, diretor da Faculdade teológica de São Paulo afirmou que “Quem semeia fofoca, planta boato e fertiliza maledicência não precisa de informações; precisa de uma transformação de caráter, necessita de uma renovação de mente.” Ou seja, boatos, fofoca e maledicência não precisam de esclarecimentos, eles precisam é de arrependimento!
Em sua epístola, Tiago trata deste problema da língua humana que fere, denigre, insulta, mancha e calunia o próximo. A igreja a qual Tiago escreveu possuía cargos formais, como os de presbíteros (5:14). Contudo, não havia um processo de ordenação, nem escolaridade exigida para que alguém pregasse. Desta maneira, era fácil para pessoas de alguma habilidade, pregar. O que aconteceu foi que pessoas com motivações mundanas estavam se tornando mestres. Tiago então, faz uma dura exortação: “Não vos torneis, muitos de vós, mestres”. Ele fez isto para lembrá-los que os mestres receberão maior juízo! Dentro deste contexto, algumas pessoas começaram a falar mal de todos os mestres, incluindo os verdadeiros. Tiago, então exortou a igreja para controlar a língua. Ao fazer isto, o apóstolo nos mostra alguns pecados que cometemos com a nossa língua.
“Se alguém não tropeça no falar, é perfeito varão, capaz de refrear também todo o corpo”. (Tg. 3:2) Somos lembrados por Tiago que a maturidade cristã é percebida no controle da língua. Aquele que sabe controlar sua língua atingiu a maturidade espiritual. De todos os impulsos pecaminosos, o mais difícil de ser controlado é o da língua. Quem consegue esta façanha, é porque já aprendeu a humildade e não precisa ficar se vangloriando em cima do defeito do próximo; já aprendeu a bondade e não deseja ver a imagem do outro denegrida por suas palavras; já aprendeu a misericórdia e compreende a fraqueza do irmão, e não deseja afundá-lo mais; já aprendeu o amor e entende que precisa amar e perdoar o outro ao invés de caluniá-lo.
Para quem controla a sua língua, tudo fica mais fácil = “Capaz de refrear também todo o corpo”. Em outras palavras, “controle a sua língua e você será capaz de controlar todo o seu ser”.
Tiago ilustra a sua tese através de algumas analogias. Primeiro ele pensa em cavalos: “Se pomos freio na boca dos cavalos, para nos obedecerem, também lhe dirigimos o corpo inteiro”. (v.3) Os cavalos são animais maiores e bem mais fortes que os seres humanos, contudo, quando “colocamos freios na boca dos cavalos” nós os controlamos. Controlamos não só a cabeça, mas o animal por completo. O cavalo, através do freio, é obrigado a ir para onde o cavaleiro desejar.
Depois, Tiago nos fala dos navios: “Observai, igualmente, os navios que, sendo tão grandes e batidos de rijos ventos, por um pequeníssimo leme são dirigidos para onde queira o impulso do timoneiro”. (v. 4) Os grandiosos e pesados navios são controlados por um pequeno objeto: O leme. Aqueles portentosos transatlânticos são guiados no meio do oceano por um pequeno objeto. O destino de milhares de toneladas é controlado por uma peça aparentemente irrelevante!
Da mesma forma acontece com o homem e a sua língua! Primeiro expressamos com a língua uma idéia proibida, depois damos a esta ideologia expressões físicas. Inicialmente nos metemos em uma conversa lasciva, a seguir, cometemos adultério. Uma frase equivocada, uma palavra fora de lugar, uma expressão mal colocada, e uma amizade de anos vai por água abaixo. Este é o grandioso poder da língua!
Jesus nos exortou dizendo que “Toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no dia do juízo”. (Mt. 12:36). Por isto que o sábio acertadamente afirmou: “O que guarda a boca conserva a sua alma, mas o que muito abre os lábios a si mesmo se arruína”. (Pv. 13:3) O homem “segundo o coração de Deus” sabia, que, sozinho não poderia refrear sua língua. Desta forma, o grande rei Davi pediu a Deus para ajudá-lo: “Põe guarda, Senhor, à minha boca; vigia a porta dos meus lábios”. (Sl.141:3). Que esta também seja a nossa constante oração.

SEGREDOS DE TANCREDO NEVES

Como todo político mineiro que se preze, Tancredo Neves, o presidente do Brasil que morreu antes de assumir o cargo, deixou extenso anedotário. Em geral, são histórias que ressaltam sua perspicácia e um tipo de agilidade psicológica muito especial para fugir das armadilhas. Eis o que ocorreu com ele em certa oportunidade.
De passagem pela sua cidade natal, São João Del Rei, um eleitor o procurou aflito:
- Doutor Tancredo, vou lhe contar um segredo. É coisa séria, vou contar só para o senhor!
- Então não conte, meu filho. Se você, que é o dono do segredo, não é capaz de guardar, imagine eu.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

O Barão de Itararé


O humor é uma arma muito importante em lutas políticas. Ele é um recurso utilizado para enfraquecer a posição dos adversários. Este método é utilizado desde a Antiguidade. Os mestres da retórica ensinavam que não existia nada melhor do que a zombaria e a ironia para minar os argumentos dos oponentes. Apresentar um líder em traços ridículos ante o público é uma forma de desacreditá-lo e desmoralizá-lo. É por isso que a caricatura é uma arma de ataque. Na mordacidade ela revela sua força.
Jornalista, poeta satírico, autor de frases que entraram para a história do humor – “O fígado faz muito mal à bebida”, “A forca é o mais desagradável dos instrumentos de corda” e muitas outras – Aparício Torelly, o barão de Itararé (1895-1971), não perdia a fleuma nem nos momentos mais difíceis da vida. Em 1934, era um dos redatores do Jornal do Povo, que por sinal só durou dez dias. O jornal publicava, em fascículos, a história do marinheiro João Cândido, líder da Revolta da Chibatada, de 1910 (assunto tabu para a Marinha brasileira). Certo dia, um grupo de homens não identificados – cogitou-se que eram militares – seqüestrou e espancou impiedosamente o humorista. O que fez Torelly? Um manifesto indignado condenando a truculência de que foi vítima? Nada disso. Apenas escreveu numa placa os dizeres “Entre sem bater” e afixou-a à porta da redação. Nunca houve, na história da imprensa, um ato de protesto tão elegante e bem-humorado.
Conta-se ainda que no Curso de Medicina, onde estudou Torelly, o professor se dirigiu ao aluno e perguntou:
-Quantos rins nós temos?
-Quatro! - Responde o aluno.
-Quatro? - Replicou o professor, arrogante, daqueles que sentem prazer em tripudiar sobre os erros dos alunos.
-Traga um feixe de capim, pois temos um asno na sala. - ordenou o professor a seu auxiliar.
-E para mim um cafezinho! - Replicou o aluno ao auxiliar do mestre.
O professor ficou irado e expulsou o aluno da sala. Ao sair da sala, o aluno ainda teve a audácia de corrigir o furioso mestre:
-O senhor me perguntou quantos rins 'nós temos'. 'Nós' temos quatro: Dois meus e dois seus. 'Nós' é uma expressão usada para o plural. Tenha um bom apetite e delicie-se com o capim.
Usando o humor, Torelly ensinou àquele professor e a todos que lêem esta história que às vezes a vida exige muito mais compreensão do que conhecimento! Às vezes as pessoas, por terem um pouco a mais de conhecimento ou 'acreditarem' que o tem, se acham no direito de subestimar os outros.
E haja capim!

ALEGRIA


No livro de Phyllis McGinley, “Observação dos Santos”, conta-se a história de Melanchton, amigo do peito de Lutero. Melanchton era um homem frio, enquanto que Lutero era férvido. Melanchton continuou sendo um monge mesmo depois de ter se ligado à Reforma Protestante. Um dia Lutero perdeu a paciência com a virtuosa descrição de Melanchton, e então berrou: “Por amor de qualquer coisa, por que você não sai por ai e peca um pouco? Deus merece ter alguma coisa pela qual perdoar você!”
Alegria não é uma emoção efêmera, não é um jato de boas emoções que vem quando o tempo meteorológico e o mercado de ações estão certinhos. Alegria não é algo que encomendamos, compramos ou arranjamos, não é uma exigência do discipulado cristão, antes, é uma conseqüência. Alegria não é o que nós precisamos adquirir a fim de vivenciar a vida em Cristo. Alegria é o que vem a nós quando estamos andando no caminho da fé e da obediência.
Alegria não é a mesma coisa que prazer. O prazer é uma experiência que existe somente no presente. Segundo Freud, trata-se de uma descarga de energia represada, cujo protótipo é o orgasmo. Realizada a descarga, o corpo volta a um estado de repouso, sem desejo. A partir de então, a pessoa não busca mais o objeto. Talvez o que Amnon tenha sentido por Tamar depois de a “possuir.” Já a alegria não é descarga é reunião. Mesmo quando passa a experiência, a memória permanece com saudade, algo parecido acontece quando acabamos de ouvir uma boa música. Quem dera que o fim nunca chegasse! Que a beleza nunca terminasse! Ninguém chora de prazer, mas choramos de alegria.
Neste contexto de definição do que não é alegria, vale lembrar que é erro vulgar supor que um semblante melancólico seja índice de coração agraciado. Não existe um único texto nas Escrituras Sagradas que mencione a proeminência dos ossos como evidência da graça. Se fosse assim, “o esqueleto vivo” deveria ser exibido, não apenas como uma curiosidade da natureza, mas como padrão de virtude. Alguns dos maiores velhacos do mundo têm sido na aparência tão mortificados como se vivessem de gafanhotos e mel silvestre.
John Piper em seu livro “Teologia da Alegria”, diz o seguinte: “Tragicamente, muitos de nós fomos ensinados que o dever, e não o deleite é a maneira de glorificarmos a Deus. Não aprendemos que o deleite em Deus é nosso dever! Satisfazer-se em Deus não é um acréscimo opcional ao verdadeiro cristão, é a exigência mais elementar de todas: "Agrada-te do Senhor". (Sl. 37:4). Portanto, não é uma sugestão, é uma ordem, assim como são "Servi ao Senhor com alegria". (Sl. 100:2) e "Alegrai-vos sempre no Senhor". (Fp. 4:4)”. Infelizmente, alguém nos convenceu que seriedade é diferente de alegria, responsabilidade é diferente de felicidade e compromisso é diferente de sorriso.
Piper tenta resgatar a verdade de que espiritualidade e alegria andam juntas. Se observarmos corretamente esta questão na Bíblia, perceberemos que o povo de Israel era um povo muito festivo. Anualmente eles comemoravam pelo menos sete festas: Páscoa, Colheita, Primícias, Lua Nova, Trombetas, Purim e Expiação. Algumas destas festas duravam até oito dias. Festas de casamento duravam, normalmente, duas semanas. Estas comemorações expressavam um dia ou período de grande alegria religiosa. A Exceção era festa da Expiação. Nesses festivais os homens reconheciam a Deus como seu provedor, lembravam-se do livre e ilimitado favor do Senhor para com eles. As festividades eram caracterizadas por sacrifícios, orações, comida, presentes, música e grande alegria. Os jejuns estavam proibidos. Eram feitos churrascos de carneiros e bezerros que eram servidos com vinho e regados com danças e músicas. Todas as festas existiam como gratidão pelas abundantes bênçãos de Deus. E estas celebrações eram feitas com grande alegria e isto era mandamento de Deus.
O povo recebeu a seguinte ordem: Alegrar-te-ás perante o Senhor teu Deus, na tua festa, tu e teu filho, e tua filha, e o teu servo, e a tua serva, e o levita, e o estrangeiro, e o órfão e a viúva, que estão no meio de ti. Lembrar-te-ás de que foste servo no Egito. Sete dias celebrarás a festa ao Senhor teu Deus, porque o Senhor teu Deus há de abençoar-te em toda a tua colheita, e em toda obra das tuas mãos, pelo que te alegrarás totalmente. (Dt.16:14,15)
Percebam, o sentido religioso não era incompatível com o prazer nas coisas terrenas e temporais. Toda aquela alegria, que se expressava daquela forma, eram recebidas como oferta suave pelo Senhor. É por isso que algumas vezes encontramos Deus desprezando e abominando aquelas festas: “De que me importam os vossos inúmeros sacrifícios, diz o Senhor. Estou farto de sacrifícios de carneiros e da gordura de bezerros cevados; no sangue de carneiros e de bodes não tenho prazer. Basta de me trazer oferendas vãs: elas são para mim abominação”. (Is.6)
O desprezo de Deus em Isaías não era porque as festas em si mesmas fossem de pouca espiritualidade. A repudia do Senhor era porque os israelitas se haviam desviado dos verdadeiros propósitos espirituais. Deus não estava censurando o sistema de festas e sacrifícios que Ele mesmo estabelecera. Ele estava condenando a hipocrisia dos participantes: “As vossas festas, a minha alma as detesta: elas são para mim um fardo; estou cansado de carregá-lo. Não posso suportar iniqüidade associada a solenidade. Lavai-vos, purificai-vos! Tirai da minha vista as vossas más ações! Cessai de praticar o mal, aprendei a fazer o bem! Buscai a justiça (justiça social), denunciai os opressores! Defendei o direito dos pobres e necessitados”.
Deus não admitia a falsidade dos participantes. As pessoas celebravam o Seu nome, mas não o amavam. Imagine se no seu aniversário você tivesse que comer, cantar e se alegrar com pessoas que não te respeitam e que não se importam com você? Deus ama as festividades. Foi Ele quem instituiu as festas para alegria do Seu povo. Jesus comparou o Reino de Deus a uma festa de casamento com um grande banquete. No único relato que temos da infância de Jesus, Ele tinha ido a uma festa. Jesus participava das festas religiosas, de casamento e dos jantares oferecidos pelos publicanos. Jesus freqüentou tantas festas que chegou a ser chamado de comelão e bebedor de vinho.
É lamentável como evitamos falar desta característica humana da personalidade de Jesus. É impressionante como a humanidade de Deus nos incomoda. Porque nos incomoda? Porque queremos ser mais espirituais que o próprio Deus. Exorcizamos tudo que é terreno e material para vivermos num mundo apenas espiritual. Isto, quando o próprio Deus, que é espírito, quis se tornar carne, possuir um corpo, ser homem.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

A Ira de Deus

Se Deus ama tudo que é reto e bom, e tudo que se conforma ao Seu caráter moral, então não é de espantar que Ele odeie tudo o que se opõe ao Seu caráter. O caráter de Deus é santo, por isto Ele odeia o pecado. Porque odeia o pecado, sua ira inflama-se contra o pecador (Sl. 7:11)
Devemos meditar sobre a ira de Deus com freqüência, afinal, ela leva os nossos corações a ficarem devidamente impressionados com a ojeriza de Deus pelo pecado. Infelizmente, a nossa tendência é de considerar o pecado de uma forma superficial e relativa, de encobrir a podridão e maldade do pecado, de fugir das nossas responsabilidades pelos erros cometidos. Diante desta situação, a reflexão sobre a ira de Deus produz em nossas almas um verdadeiro temor por Deus (Hb.12:28,29)
Muitos textos bíblicos deixam claro que a ira de Deus é uma realidade e está em constante atuação. (Jo.3:36; Rm.1:18; Dt.9:7,8; Ap.16) As Escrituras não fazem nenhuma tentativa para ocultar a realidade da ira divina. Existem mais referências na Bíblia à indignação, à cólera e à ira de Deus, do que ao Seu amor e ternura.
A ira de Deus é algo tão sério que ela durará para sempre, é só lembrarmos da eternidade do inferno que é a expressão máxima da ira de Deus!
Por incrível que possa parecer, devemos louvar e agradecer a Deus pela Sua ira. O que ou quem Deus seria se não odiasse o pecado? Se Deus se deleitasse ou simplesmente não se abalasse com o pecado que Deus seria Ele? Tal Deus não seria digno da nossa adoração, pois o pecado é odioso e digno de ser detestado! Como poderia Aquele que é a soma de todas as excelências olhar com igual satisfação para a virtude e o vício? Como poderia Aquele que é santo ficar indiferente ao pecado, negando-se a manifestar seu juízo? Como seria possível Aquele que só tem prazer no que é puro e nobre, deixar de detestar e odiar o que é impuro e vil?
Muitos dão abrigo ao erro quando pensam que a ira de Deus não é coerente com a Sua bondade. Desta forma procuram bani-la dos seus pensamentos. Precisamos ensinar a estas pessoas que o amor e a ira de Deus são emoções reais e essenciais em Deus. Uma é despertada pela justiça e a outra pelo pecado. A existência de uma necessita da existência da outra. Se não houver amor pela justiça, não haverá ódio pelo pecado. Se não houver ódio pelo pecado, não haverá amor pela justiça. A coexistência destes sentimentos é continuamente ensinada na Bíblia: “Vós que amais o Senhor, detestai o mal”. (Sl.97:10)
Os crentes genuínos não devem temer a ira de Deus. Embora fossemos “por natureza filhos da ira, como os demais” (Ef.2:3), Jesus morreu em nosso lugar. Desta forma, Ele “nos livra da ira vindoura”. (I Ts.1:10) Jesus suportou a ira de Deus provocada pelo nosso pecado, a fim de que pudéssemos ser salvos.
Ao contrário do que crêem algumas pessoas, o moinho de Deus mói devagar, mas mói fino. Sua paciência e generosidade são admiráveis; contudo, terrível e insuportável é a fúria divina. Podemos perceber esta verdade utilizando a figura do mar. Nada é mais brando do que o mar em sua calmaria, porém, quando se agita em forma temporal, nada é mais furioso.
Distintamente de Sua santidade, perfeição, amor, justiça... Deus não exercita a ira perpetuamente e sem interrupção. Sua ira só é expressa quando Seus atributos são afrontados e sua santidade escarnecida. Antes do pecado de Lúcifer, Deus estava perfeitamente feliz em não expressar sua ira.

terça-feira, 8 de junho de 2010

PARA SER PASTOR NÃO É PRECISO TER FÉ

Para ser pastor não é preciso ter fé. É isto mesmo que você acabou de ler! Pastores que não tem fé precisam ter outra coisa: habilidade para separar mentalmente o que ensinam domingo na igreja do que de fato acreditam, quando estão a sós com seus livros. Sem essa habilidade, até o que têm lhes será tirado. Pois se ensinarem na igreja o que de fato acreditam, dificilmente manterão o emprego. Que igreja deseja ouvir um pastor que não crê nas Escrituras? As que quiseram, fecharam ou estão morrendo. As igrejas da Europa que o digam.
Lembro-me que no Seminário era muito comum presenciar aqueles que durante a semana questionavam várias doutrinas fundamentais das Escrituras, para no domingo, pregar e defender estas mesmas doutrinas em suas igrejas. Além dos alunos, existiam vários professores liberais que defendiam absurdos teológicos dentro de sala de aula, mas que nas igrejas onde eram pastores, negavam aquilo que ensinavam e defendiam no Seminário.
Muitos destes pastores incrédulos encontram conforto em Kant para viver essa esquizofrenia. Em seu artigo “Resposta a pergunta: O que é Iluminismo?”, Kant propõe a separação entre o que se acredita em público e o que se crê em particular. No artigo, o pastorado é apresentado como um emprego (algo perfeitamente compreensível, visto que na Alemanha de sua época praticamente todos os pastores eram empregados do Estado) em que a prática tem que ser a de repartir os mantras oficiais da empresa. Contudo, o pastor pode, e deve, expressar as suas opiniões em particular (mesmo sendo contrárias às de sua denominação), na tentativa de mudar o pensamento da denominação por meio de diálogo com outros pastores líderes. É o que vemos hoje nas igrejas evangélicas históricas. Aos domingos, sermões bíblicos, confessionais e conservadores. Durante a semana, nas conversas, na sala de aula do seminário, nos congressos, declarações incompatíveis com as crenças das denominações, muitas vezes até com o questionamento das bases fundamentais do cristianismo histórico.
Os pastores incrédulos geralmente se abstém de expor suas idéias. O conteúdo acadêmico do que crêem quase nunca ganha os púlpitos onde pregam aos domingos. Bultmann, que havia declarado abertamente numa série de palestrar acadêmicas que considerava o nascimento virginal de Jesus e a encarnação como lendas, costumava pregar sermões natalinos nessa época.
Por não ter fé, o pastor incrédulo tem que direcionar seu ministério e seu culto para áreas onde sua incredulidade passe mais despercebida. Daí, a liturgia formalista, o ritual litúrgico elaborado, as recitações, as fórmulas, os paramentos, as cores, os símbolos, tudo voltado para ocultar os sentidos de maneira que a fé não faça falta. A mensagem deve evitar temas difíceis. O foco é sempre em pontos morais, sociais e políticos. Não estou afirmando que toda igreja com liturgia formalista seja necessariamente liderada por um pastor sem fé; apenas que é mais fácil disfarçar a incredulidade em cultos assim.
O grande problema dos pastores incrédulos não é aquilo que eles dizem, mas aquilo que eles deixam de dizer! Seu pastor já pregou expositivamente no livro de Romanos? Ele já expôs o texto de Romanos 9, 10 e 11 para sua igreja? Existem muitos temas bíblicos que são completamente evitados pelos pastores! Existem assuntos que nunca são mencionados! A infalibilidade da Bíblia, predestinação, eleição, a veracidade a confiabilidade da narrativa bíblica, a morte vicária, substitutiva e limitada de Cristo, a realidade da tentação e da luta cristã, inferno, demonologia, a depravação total. Muitos pastores sobrevivem dessa maneira, evitando matérias de fé e pregando aquilo que um rabino, mestre espírita ou líder muçulmano também pregaria: a honestidade, o amor ao próximo, o voto pelo desarmamento.
Talvez você possa questionar: “Por que alguém gostaria de ser pastor se não tem fé? Não tem uma maneira mais fácil de ganhar dinheiro?”. Pois é, pior que não tem. Dentro da igreja, tais pastores são vistos como intelectuais respeitáveis por questionarem “cientificamente” algumas doutrinas, mas o que seriam fora dela? Nada. Apenas mais alguns incrédulos no mundo. Fora a “boquinha” que muitos deles perderiam.
A situação é muito séria. É que aqueles que estão de fora não conhecem a realidade. O que falta em alguns pastores incrédulos é honestidade para assumir aquilo em que realmente acreditam – ou deixam de acreditar. Rubem Alves largou o ministério pastoral da igreja presbiteriana por não acreditar mais naquilo que sua igreja adota. Seria muito bom para todo mundo se outros pastores incrédulos fizessem o mesmo. Neste caso, você não deveria se surpreender se o índice de desempregados em nossa cidade aumentasse drasticamente.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

CADÊ O AVIVAMENTO?

Já faz algum tempo que alguns carros de nossa cidade estampavam um adesivo com a seguinte frase: “Campos, Cidade do Avivamento”. Até hoje procuro por este Avivamento, mas nunca o encontrei. A não ser que a definição bíblica e histórica de avivamento tenha mudado.
Muitos evangélicos, sem saber, são discípulos de um homem chamado Charles Finney, que ministrou nos EUA no século XIX. Para Finney, um reavivamento espiritual era o resultado do emprego de leis espirituais, tanto quanto uma colheita é o resultado das leis naturais que regem o plantio. Não era, portanto, um milagre, algo sobrenatural. Se os crentes se arrependerem dos seus pecados, orarem e jejuarem o suficiente, então Deus necessariamente derramará seu Espírito em poder, para converter os incrédulos e santificar os crentes. Para Finney, avivamento é resultado direto do esforço dos crentes na busca por Deus. Se não vem, é porque não estamos buscando o suficiente.
Atualmente, o termo “avivamento” tem sido utilizado para designar cruzadas de evangelização, campanhas de santidade, reuniões onde se “realizam” curas e expulsão de demônios, pregações fervorosas. “Avivamento” também é sinônimo de louvorzão, dançar no Espírito, ministração de louvor, show gospel, cair no Espírito, etc. Nesse sentido muitos acham que está havendo um grande avivamento no Brasil e em nossa cidade. Confesso que é difícil de engolir! Explico.
Apesar do crescimento numérico, qual é a diferença que os cristãos tem feito na sociedade campista quanto à ética, aos usos e costumes, como uma força que influencia a cultura para o bem, para melhor? Historicamente, os avivamentos espirituais foram responsáveis diretos por transformações em cidades inteiras, mudanças de leis e transformação de hábitos pecaminosos. Durante o grande avivamento em Northampton, dois séculos atrás, bares, prostíbulos e casernas foram fechados, por falta de clientes e pela conversão dos proprietários. Será que algo parecido acontece em nossa cidade? Pelo contrário, a imoralidade, a corrupção, a opressão, crescem diariamente!
Há muito show, muita música, muito louvor, mas pouco ensino bíblico. Nunca os evangélicos louvaram e cantaram tanto a Deus e nunca foram tão analfabetos de Bíblia. Nunca houve tantos animadores de auditórios e tão poucos pregadores da Palavra de Deus. Durante os avivamentos históricos as multidões se reuniam durante horas para ouvir a pregação da Palavra de Deus. Não vemos nada parecido nos dias de hoje. A venda de CDs e DVDs com shows gospel cresce em proporção geométrica no Brasil e ultrapassa em muito a venda de Bíblias.
Há muitos cânticos, louvores, suspiros, gemidos, sussurros, lágrimas, olhos fechados, mãos levantadas, clínicas disto e daquilo outro, gente que faz chover e outros que exorcizam os demônios ao subir num cavalo branco; contudo, mudança de vida, arrependimento, convicção de pecado, repartir os bens com os necessitados, quebrantamento, santidade, isto é coisa rara de se ver. Durante um verdadeiro avivamento, os corações são quebrantados, há profunda convicção de pecado da parte dos crentes, gemidos de angústia por haverem quebrado a lei de Deus, uma profunda consciência de corrupção interior do coração, que acaba por levar os crentes a reformar sua vida, a se tornarem mais sérios em seus compromissos com Deus, a mudar realmente de vida.
Avivamento que faz você pular de alegria e que espanca, despreza e ignora a esposa, não é avivamento! Avivamento que afirma “estou cheio do Espírito Santo”, mas que não tem prazer na vida conjugal, não é avivamento! Avivamento que abraça e beija irmãos na igreja e que não faz isto com a mulher e os filhos, não é avivamento! Avivamento que fala palavras de amor na igreja e em casa não existe carinho ao falar, não é avivamento! Avivamento que canta hinos na igreja e não existe reconciliação no lar, não é avivamento!
O verdadeiro avivamento faz com que diferenças sejam esquecidas, brigas antigas sejam colocadas de lado, mágoas passadas sejam esquecidas. Quando Deus derramou seu Espírito no passado, os crentes se uniram para pregar a Palavra aos pecadores, distribuir Bíblias, socorrer os necessitados e enviar missionários. Em Kwasizabantu, na África do Sul, ocorreu um avivamento no ano de 1966, fazendo com que milhares de zulus, tswanas e africaners entregassem suas vidas ao governo de Cristo. Foi ali que pela primeira vez, diferentes tribos negras de mãos dadas com os brancos, celebraram um culto de adoração ao Senhor por tê-los resgatado de seus pecados.
“Campos, cidade do Avivamento”. Não dá para engolir! Não consigo ver mudanças sociais, morais e espirituais em nossa cidade que seriam provocadas se por aqui existisse um genuíno avivamento.
Meu desejo é que Deus envie o verdadeiro avivamento para nossa cidade, porque o que passou por aqui mais parece com o de Finney, manipulado pela mente humana.

sábado, 5 de junho de 2010

A ALTERNATIVA EGÍPCIA


Quando se está desempregado, o que é mais fácil de ser feito: Aceitar um emprego onde você vai violar alguns princípios da Palavra de Deus ou esperar até que Deus lhe envie um serviço sem desonestidade? Quando na jornada cristã você se indispõe com algum irmão na fé, o que é mais fácil: Ir conversar com ele e buscar o caminho da reconciliação, ou deixar prá lá acreditando que o acaso e os encontros melhorem o clima? Quando você perde todas as coisas de valor que possuía, o que é mais fácil: Amaldiçoar o seu Deus e a partir de então olhar para a vida com incredulidade, ou afirmar confiantemente que mesmo que Ele te mate, você continuará confiando nele?
Existiu um período na história dos judeus, onde tudo o que eles tinham, tinha sido destruído. Suas casas, sua cidade, seu templo, suas esperanças, suas famílias, seus sonhos... tudo estava destruído! Foi neste contexto que Jeremias disse aos seus compatriotas que mesmo diante de todas aquelas dificuldades, Deus iria restaurar a sorte de cada um deles. Só que os israelitas não deram ouvidos a Jeremias, eles cansaram de viver pela fé e, assim como eu e você, procuraram um caminho mais fácil para resolver os seus problemas.
Contrariando a vontade de Deus, os israelitas deixaram Jerusalém e caminharam cerca de 400 km até o Egito. No Egito, a vida era bem mais fácil e segura do que aquela que eles estavam vivendo em Jerusalém. No Egito tudo já estava estruturado, eles não precisariam reconstruir absolutamente nada. No Egito eles teriam muitas regalias que em Jerusalém se levaria décadas para conquistar. Tudo o que eles buscavam no Egito eles poderiam ter em Jerusalém, só que em Jerusalém, eles teriam muito trabalho, eles teriam que confiar em Deus, eles teriam que viver pela fé.
Não foi a primeira vez que Israel agiu deste modo. A alternativa egípcia à fé tomava corpo de tempos em tempos. Sempre que as coisas apertavam, os israelitas buscavam uma saída, um auxílio no Egito. Quando Abraão - pai daqueles que vivem pela fé - cansou-se de viver pela fé, procurou o Egito. Na época do Êxodo, após terem sido libertos da escravidão do Egito, os judeus foram forçados a viver pela fé no meio do deserto. Mais tarde quando a monarquia estava no apogeu, Salomão incorporou crenças egípcias à vida de fé ao casar-se com a filha de Faraó. Portanto, quando os israelitas da época de Jeremias, começaram a enfrentar dificuldades e procuraram no Egito um auxílio para os seus problemas, tal atitude, já tinha precedentes na história daquele povo.
Abraão, os judeus do Êxodo, Salomão, os judeus da época de Jeremias, todos eles sabiam que viver pela fé, descansar no poder de Deus, confiar na ajuda divina, não é algo tão fácil de ser feito!
A alternativa egípcia nada mais é do que o desejo humano por estabilidade e segurança. Não há nada de mal em desejar viver de forma segura e estável, desde que, esta vida segura e estável seja guiada e controlada pelas mãos do nosso Deus. Infelizmente, não foi isto o que aconteceu com Abraão, Salomão, os judeus no Êxodo e no tempo de Jeremias. Cada um deles, a seu tempo e do seu modo, ao procurar o Egito, acabaram abandonando o seu Deus. Ao buscar a segurança e a estabilidade do Egito, acabaram descartando as promessas de Deus.
Isto ainda acontece nos dias de hoje! Deus nos recomenda trilharmos pelos caminhos indicados nas Escrituras. O problema é que estes caminhos, na maioria das vezes, são penosos e não trazem resultados imediatos; são difíceis de serem percorridos e durante o trajeto o que nos sustenta é a fé. Não são famosos (poucas pessoas andam por eles), e, desta forma, acabamos acreditando que somos uma minoria que está equivocada. A conseqüência natural é a opção por caminhos mais curtos onde a grande atração são os atalhos. O problema é que atalhos, na maioria das vezes, nos afastam do crescimento porque não aprendemos a lidar com as dificuldades; os atalhos nos conduzem para lugares (como o Egito) que não são da vontade de Deus.
Ao invés de percorrer o caminho longo do discipulado de Cristo, discernindo sua vontade através do estudo cuidadoso e diligente das Escrituras, respondendo com obediência e submissão, buscando o poder e direção do Espírito Santo para viver a vida de fé, preferimos o atalho de um final de semana em que algum religioso carismático e especializado irá libertá-lo do caminho natural do discipulado e, como um passo de mágica, promovê-lo a mestre e discipulador de outros. Portanto, tome cuidado com os simplificadores da vida, com os atalhos da fé! Jesus, ele mesmo nos alertou para o caminho largo, fácil, convidativo, e espaçoso. Ele disse que a vida tem que passar pelo caminho estreito, apertado, difícil e árduo.
A dura realidade é que não existem atalhos para o amadurecimento. Jesus nunca propôs nenhum atalho, nunca simplificou a vida, jamais apresentou qualquer substituto para a cruz que temos que carregar. A vida continua tal como era nos tempos de Nosso Senhor! Se aquilo que plantamos é uma boa semente, foi colocada num bom solo, regada e cuidada com carinho e amor pelo bom jardineiro, ela florescerá e dará frutos bons. Mas se o que plantamos é a semente da pressa e do interesse próprio, colocada na superfície de um solo volúvel e arenoso, regada com a impaciência de um jardineiro imaturo, ambicioso e vilão, ela morrerá antes mesmo de nascer. Cuidado com a alternativa egípcia de buscar tranqüilidade e segurança em troca de uma vida onde Deus não está presente.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

SABEDORIA PARA GOVERNAR

Certa vez, Salomão, que foi o governante mais sábio que já existiu, afirmou o seguinte: “Por mim governam os príncipes e os nobres; sim, todos os juízes da terra”. (Pv. 8:16) Neste provérbio, Salomão exalta a sabedoria e demonstra a sua utilidade para os grandes e nobres governadores. Segundo ele, para que os governantes sejam gloriosos, desempenhando os seus deveres com benevolência, justiça, prudência, verdade, competência e lucidez, eles precisam de sabedoria.
Atualmente temos em nosso país, governantes com muita informação, com muitos contatos, com muito poder, com muitas amizades, com muita influência, mas com pouca sabedoria.
O que é sabedoria? Posta de uma forma simples, ela é o poder de um julgamento correto. Sabedoria são as decisões e escolhas que equilibram a misericórdia e a verdade, beneficiam uma nação inteira, e são perfeitamente justas à vista de Deus! De onde ela vem? Unicamente do temor do Senhor! “O temor do Senhor é o princípio da ciência; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução.” (Pv. 1:7) “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e a ciência do Santo, a prudência.” (Pv. 9:10) “Mas disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e apartar-se do mal é a inteligência.” (Jó:28:28) “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; bom entendimento têm todos os que lhe obedecem; o seu louvor permanece para sempre.” (Sl. 111:10)
De que forma é aplicado o temor do Senhor aos processos políticos de uma nação? Pela obediência às Sagradas Escrituras: “A lei do Senhor é perfeita e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices.” (Sl. 19:7) “Tu, pelos teus mandamentos, me fazes mais sábio que meus inimigos, pois estão sempre comigo. Tenho mais entendimento do que todos os meus mestres, porque medito nos teus testemunhos. Sou mais prudente do que os velhos, porque guardo os teus preceitos... Por isso, tenho, em tudo, como retos todos os teus preceitos e aborreço toda falsa vereda... Príncipes me perseguiram sem causa, mas o meu coração temeu a tua palavra.” (Sl 119:98-100,128,161) “Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra.” (II Tm. 3:16,17)
Este provérbio escrito por Salomão é teórico e prático, não é histórico ou literal. A lição teórica é a de que os grandes governantes usam a sabedoria para desempenharem bem as suas responsabilidades. A lição prática foi expressa anteriormente quando o escritor afirmou que o bom governante é aquele que corre atrás da sabedoria, pois reconhece que ela é preciosa e sem ela, ele não conseguirá governar justamente.
Portanto, temos aqui uma lição a respeito de ciência política. Príncipes, prefeitos, vereadores, governadores, presidentes e juízes, todos necessitam de sabedoria para o bom exercício de suas responsabilidades. Contudo, a grande parte dos governantes não são sábios. Muitas decisões executivas, legislativas e judiciárias são tolas, e até contrárias ao bom senso básico.
Alguém pode argumentar: “Isto quer dizer que somente os governantes cristãos que seguem a Bíblia podem verdadeiramente ser grandes e nobres?” Claro que não! Contudo, o temor de Deus e aos princípios da Palavra de Deus devem estar presente entre aqueles que lideram uma nação. São estes princípios que fazem com que os governantes e as nações sejam grandes e poderosos. Na medida em que a Palavra de Deus for divulgada, pregada e obedecida numa nação, esta nação passará a experimentar a liberdade, a justiça, a moralidade e a paz. Davi, um dos maiores e mais nobres reis, escreveu: “Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo que ele escolheu para a sua herança.” (Salmos 33:12).
Portanto, estamos encrencados. Afinal, a grande parte daqueles que nos governam não dão a mínima para as Escrituras e para os princípios da Palavra de Deus. Precisamos, urgentemente, que Deus levante homens e mulheres que antes de influência, autoridade, popularidade, carisma e conhecimento, tenham sabedoria. Precisamos que aqueles que são os porta-vozes de Deus (pastores) deixem sua “boquinha” e seus “conchavos” e passem a cumprir a sua função de denunciar o erro e apontar as iniqüidades que existem ao nosso redor, mesmo que para isto tenhamos que ter a nossa
cabeça colocada numa bandeja, como aconteceu com João Batista que não se calou diante do adultério de Herodes.
Que Deus preserve no poder aqueles que tem o temor do Seu nome, e retire de lá aqueles que não dão a mínima para os princípios da Sagrada Escritura, afinal, o princípio da sabedoria que é a maior necessidade de um governante, só pode vir através do temor ao Senhor que é experimentado pelo conhecimento e pela vivência das Escrituras.

O SILÊNCIO DA ALMA

No salmo 46:10 lemos o seguinte: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus”. Infelizmente, esta é uma das ordens mais negligenciadas pelos filhos de Deus. Para o homem moderno, o silêncio atua como a presença de uma pessoa inoportuna, um sujeito que insiste em denunciar nossos fracassos. Não há nada mais constrangedor num culto, numa reunião de oração ou de negócios, do que os espaços vazios. A nossa sociedade organizou-se de tal maneira que não é mais possível existir espaços vazios.
Normalmente, quando se fala em silêncio e contemplação, o que de imediato nos vem à mente são as figuras dos velhos eremitas, homens mergulhados numa total solidão, alienados do mundo. Monges enclausurados nos velhos mosteiros. Contudo, a solitude é mais uma, das várias práticas espirituais, que foi abandonada pelo cristianismo ocidental.
O mundo moderno não sabe o que significa silêncio e contemplação. Todos estão com a agenda lotada, e isto, tornou-se um “status” para o homem moderno. Agenda cheia dá-nos a sensação de importância, de valor. Ninguém daria valor a um médico cuja sala de espera estivesse vazia. A maioria dos membros de uma grande igreja, ao tentar falar com o pastor, iniciam com o mesmo discurso: “Sei que o senhor tem uma vida muito atarefada e quase não tem tempo, mas será que é possível apenas um minutinho?”
Infelizmente e diabolicamente, o que paira na mente dos cristãos hoje é que um pastor que passa algumas horas do dia recolhido em silêncio e oração não será um grande pastor. As igrejas querem líderes “dinâmicos”, pastores que mobilizam o mundo, que não podem desperdiçar sem tempo com atividades não produtivas como oração, estudo e meditação.
Existe um pequeno livro intitulado “Café com Deus”, onde o autor diz o seguinte: “Enfim, um verdadeiro fast-food devocional: de leitura rápida, mas nem por isso desprovido de conteúdo. Para pessoas que não dispõem de muito tempo, mas desejam adquirir o saudável hábito da comunhão diária com Deus, na meditação em sua Palavra e na prática da oração.” O autor tenta se adequar aos tempos modernos ajustando a vida devocional ao corre-corre de todos nós. Será que é disto que estamos precisando? A proposta para o homem moderno deveria ser exatamente o contrário desta idéia! Será que é possível alguém que ama a Deus não dispor de tempo para Deus? Será que é possível construir um relacionamento profundo, íntimo e pessoal com Deus sem dispor de tempo para este encontro?
A verdade é que não temos tempo e não gostamos de olhar para nossa agenda e encontrar nela buracos vazios. Na sociedade americana, da classe média para cima, 90% dos pais convivem 3 minutos por dia com seus filhos. Thomas Kelly sabiamente advertiu: “Somos ocupados demais para sermos boas esposas para nossos maridos, bons maridos para nossas esposas, bons pais para nossos filhos e bons amigos para os nossos amigos, e não temos tempo algum para sermos amigos daqueles que não têm amigos.”
A idéia da não fazer nada é aterrorizante para a maioria das pessoas. Isto pode ser visto nitidamente quando alguém faz uma cirurgia e é obrigado a ficar um longo período em repouso. O que ouvimos de tais pessoas é o seguinte: “Eu não consigo ficar parado”. Que lástima! Pelo menos a pessoa capaz de não fazer nada pode ser capaz de abster-se de fazer a coisa errada, e então talvez seja mais capaz de fazer a coisa certa.
Toda pessoa deveria ter ao longo da vida períodos regulares dedicados a não fazer nada. Os grandes teólogos e concordam que os períodos de solitude e silêncio são oportunidades excelentes de aprender a não fazer nada. A cura para o excesso de afazeres é solitude e o silêncio, pois ali você descobre que é seguramente mais do que aquilo que faz. Alguém já disse que “a cura da solidão é solitude e silêncio, pois ali você descobre inúmeros motivos para jamais se considerar só”. Isto pode ser verdade, afinal, a água barrenta fica clara se você a deixa descansar um pouco.
Pascal certa vez afirmou: “Descobri que toda a infelicidade dos homens nasce de um fato simples: são incapazes de ficar em silêncio no seu quarto”. “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus” disse Deus através do salmista. Sem dúvida que uma das maiores realizações espirituais é a capacidade de não fazer nada, e, a partir daí, ouvir Deus, repensar conceitos e valores, admirar o belo, encantar-se com o mundo ao seu redor.
Aprenda que você não precisa fazer para ser. Aceite a graça de não fazer nada. Mantenha-se nesse propósito até que toda a inquietação tenha passado. Você acabará percebendo que não está levando o mundo nas costas.

CRISTÃOS PETER PAN


Nunca houve na história da Igreja tantos cristãos imaturos e sem conhecimento bíblico. É nítida a deterioração crescente do nível de maturidade espiritual na igreja. À medida que o conhecimento da verdade de Deus diminui, as pessoas seguem opiniões populares. Buscam sensações e experiências. Anseiam por milagres, curas e maravilhas espetaculares. Tateiam à procura de soluções fáceis e instantâneas para as provações rotineiras da vida. Elas se desviam rapidamente da verdade da Palavra de Vida e abraçam doutrinas que são apropriadas somente para os simples e ingênuos. Correm atrás de conforto e sucesso pessoal. O tipo de cristianismo que prevalece nesta geração talvez seja mais superficial do que o de qualquer outra época da história.
Um levantamento publicado pelo Grupo Barna de Pesquisas, em fevereiro de 1994, sugeriu que metade de todas as pessoas que se declaram “nascidas de novo” não tinham a menor idéia do que é referido em João 3:16. Grande porcentagem de cristãos evangélicos não podia explicar termos como “a Grande Comissão” ou “o evangelho”.
As igrejas estão, portanto, repletas de cristãos bebês – pessoas que estão na infância espiritual. essa é uma descrição apropriada, pois a característica que melhor define a criancinha é o egoísmo. As criancinhas são completamente egocêntricas. Gritam, se não obtêm o que querem, quando o querem. Não tem consciência de nada, exceto de suas próprias necessidades e desejos. Nunca agradecem nada. Não têm a capacidade de ajudar os outros; não podem dar coisa alguma. Só podem receber. E, certamente, não há nada errado nisso, quando ocorre na etapa natural da infância. Mas ver uma criança cujo desenvolvimento é tão paralisado, que ela nunca ultrapassa aquela etapa do egoísmo, é uma tragédia.
Esse é o estado espiritual de milhares de pessoas na igreja hoje. Estão totalmente preocupadas consigo mesmas. Desejam que seus próprios problemas sejam resolvidos e seu conforto pessoal, aumentado. Seu desenvolvimento espiritual é paralisado e permanecem em um estado perpétuo de incapacidade egoísta. Isto é evidência de uma anormalidade trágica.
A infância paralisada implica que as pessoas não discernem. Assim como um nenê engatinha pelo chão, levando à boca tudo o que encontra, assim também os nenês espirituais não sabem o que é bom para eles, bem como o que não o é. A imaturidade e a falta de discernimento andam lado a lado; são quase a mesma coisa.
A tendência de permanecer na imaturidade também existia nos tempos do Novo Testamento. Repetidas vezes, Paulo exortou os cristãos a crescerem em sua vida espiritual. em Efésios 4:14,15 ele escreveu: “Para que não mais sejamos como meninos, agitados de um lado para o outro e levados ao redor por todo o vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro. Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo”.
O autor de Hebreus também abordou esta questão: “Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim, vos tornastes como necessitados de leite e não de alimento sólido. Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, porque é criança. Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal. Por isso, pondo de parte os princípios elementares da doutrina, deixemo-nos levar à maturidade”. (Hb.5:12-6:1)
O escritor da epístola aos Hebreus estava dizendo aos seus leitores: “Vocês são nenês. Já são crentes há tempo suficiente para serem mestres, porém, em vez disso, tenho de alimentá-los com leite. Preciso continuar lhes dando coisas elementares. Isso é trágico”.
A palavra “faculdades” neste texto de Hebreus não é uma referência aos sentimentos, às emoções ou a outros mecanismos sensoriais e subjetivos. O escritor desta epístola estava encorajando explicitamente os seus leitores a exercitarem a mente. Aquele que, “pela prática, tem as suas faculdades exercitadas para discernir” são pessoas sábias e prudentes que crescem saudavelmente com o alimento sólido da Palavra de Deus. O discernimento resulta de uma mente cuidadosamente discipulada. Não é uma questão de sentimentos, e o discernimento tampouco é místico.
O caminho ao discernimento é o caminho da maturidade espiritual, e o único meio de atingir maturidade espiritual é a proficiência na Palavra de Deus. Infelizmente esta não é a realidade da grande parte dos cristãos em nossos dias. O que temos hoje em nossas igrejas são cristãos Peter Pan que não querem crescer nunca.

“ELE (a) SE ACHA”

Detesto pessoas arrogantes!
Deus também!
Você pode estar se perguntando: “Que é isso pastor?” Não sou eu quem estou dizendo isto, é a Bíblia, a Palavra de Deus: “Há seis coisas que o Senhor odeia, sete coisas que ele detesta: olhos altivos...". (Pv.6:16)
É lamentável ter que conviver com homens que se acham superiores, com mulheres que acreditam ser melhores que as demais. É uma experiência amarga ter que diariamente conviver com o patrão que “se acha”, com o superior que tem o nariz empinado, com a “patricinha” que é rica e desdenha das colegas, com o playboy que a todos trata com ar de superioridade. Tais pessoas não conseguem perceber como são ridículas, deploráveis e mesquinhas. Homens e mulheres que por causa de um título, uma profissão, uma posição... acreditam ser os reis e as rainhas do pedaço. Que lástima! Sua soberba os cega, impedindo-os de ver que quanto maior um homem, maior a sua humildade.
Diferentemente destas pessoas asquerosas com quem convivemos, Jesus Cristo, o maior de todos os homens, conversava e comia com os piores pecadores, tratava a todos de forma igual, amava os desprezados e se dedicava aos rejeitados. Jesus desde o berço até a sepultura foi revestido de humildade. Nasceu em um estábulo (Lc. 2:4-7), filho de uma mulher pobre (Lc. 2:22-24). A família de Jesus não tinha projeção social (Lc. 1:48). Jesus foi seguido por companheiros pobres, os paupérrimos pescadores. Jesus não tinha onde reclinar a cabeça (Mt. 8:20); quando viajou pelo mar da Galiléia, utilizou um barco emprestado; recebeu ajuda financeira de mulheres galiléias (Lc. 8:1-3); para entrar em Jerusalém, serviu-se de um jumento que pertencia a outrem; precisou de uma sala e de um animal emprestado (Lc. 22:7-13 e Lc. 19:28-34); ao ser sepultado, foi posto em um sepulcro alheio. Diz-nos o apóstolo Paulo que Jesus “sendo rico, se fez pobre por amor de vós”.(II Cor. 8:9)
É duro ver quem Jesus foi, o que Ele abriu mão e o que Ele fez, e olhar para estas pessoas arrogantes ao nosso lado todos os dias. Tais infelizes não se dão conta de que “quando o jogo de xadrez chega ao fim, peões, torres, reis e rainhas voltam todos para a mesma caixa”. (Provérbio italiano)
Certa vez perguntaram para Gandhi sobre sua insistência em viajar na terceira classe dos trens. Esta era a classe dos bancos duros, dos lugares abarrotados de lavradores sujos com os seus animais; um local cheio de gente, cheio de imundície, cheio de barulho e odores. “Por que” perguntaram a Gandhi. Sua resposta foi a seguinte: “Porque não existe a quarta classe”.
É nojento ver pessoas que se renderam a ideologia do ter em detrimento do ser. Homens que entendem ser superiores por causa do carro que dirigem, da cobertura onde moram, da conta bancária ou dos inúmeros imóveis. Mulheres que exalam soberba unicamente por causa das roupas e bolsas de grife, das jóias e dos perfumes importados. Oh! Que coisa terrível! Não é por acaso que as Escrituras nos dizem que Deus “resiste ao soberbo”.
O famoso Bertand Russell certa vez disse o seguinte: "Se fosse possível todo homem gostaria de ser Deus; uns poucos têm dificuldade em admitir esta impossibilidade". Conviver com estes poucos, faz do emprego, da vizinhança, da igreja, da família, dos relacionamentos, algo insuportável! É cada vez mais raro encontramos na cultura narcisista em que vivemos, pessoas como Issac Newton que são capazes de confessar: "Se vi mais que os outros, foi por estar sobre ombros de gigantes".
C.S. Lewis acertadamente declarou que a prepotência é o pecado “luciferiano”. A arrogância é característica de pessoas diabólicas. O orgulho é o supremo mal, é o pecado principal. Diz Lewis que este sentimento “é o mais completo estado de alma anti-Deus”. Lewis disse mais: “Toda vez que você se considera bom, virtuoso, melhor e mais, tenha certeza de que não é o Espírito de Deus que está atuando em você, é o demônio”. Certamente que o Diabo, este ser tomado de orgulho, tem feito vários discípulos em nosso meio.
Oscar Wilde conta-nos de um belo rapaz que todos os dias ia contemplar sua própria beleza num lago. Ele era tão fascinado por si mesmo que certo dia caiu dentro do lago e morreu afogado. No lugar onde caiu nasceu uma flor que chamaram de Narciso. Quando Narciso morreu, vieram as Oréoides – deusas do bosque – e viram o lago transformado de um lago de água doce, num cântaro de lágrimas salgadas. “Por que choras?” Perguntaram as Oréoides. “Choro por Narciso”, disse o lago. “Ah! Não nos espanta que você chore por Narciso. Afinal de contas, apesar de todas nós sempre corrermos atrás dele pelo bosque, você era o único que tinha a oportunidade de contemplar de perto sua beleza”. “Mas Narciso era belo?” Perguntou o lago. “Quem mais do que você poderia saber disso?” Responderam surpresas as Oréoides, “afinal de contas, era em suas margens que ele se debruçava todos os dias”. O lago ficou algum tempo quieto, e por fim disse: “Eu choro por Narciso, mas jamais havia percebido que Narciso era belo. Choro por Narciso, porque todas as vezes que ele se deitava sobre minhas margens eu podia ver, no fundo de seus olhos, minha própria beleza refletida.”
Ui!

A IMPOPULARIDADE DO VERDADEIRO EVANGELHO

Depois de Jesus ter multiplicado os pães e os peixes, diz-nos o Evangelho de João que a multidão resolveu coroá-lo o seu rei: “Vendo, pois, os homens o sinal que Jesus fizera, disseram: Este é, verdadeiramente, o profeta que devia vir ao mundo. Sabendo, pois, Jesus que estavam para vir com o intuito de arrebatá-lo para o proclamarem rei, retirou-se, novamente, sozinho, para o monte”. (Jo. 6:14,15) O raciocínio do povo foi o seguinte: “Um homem que faz milagres como esse precisa ser o nosso rei”. Afinal, quem não gosta de comer de graça? Quem não gostaria que a vida fosse sempre assim? Isto é que é segurança de trabalho, fundo de garantia sem tempo de serviço. Quem não gosta de ter sustento gratuito? Quem é louco de desprezar um líder que lhes concede todos estes benefícios? Sendo assim, o povo concluiu: “Vamos, imediatamente, coroá-lo o nosso rei!”
É interessante, e ao mesmo tempo, lamentável, o fato de que o homem sempre correu atrás de entretenimento, de shows, de coisas espetaculares. Quer ver uma igreja ficar abarrotada de pessoas? É só anunciar cura, libertação, milagres, manifestações sobrenaturais, shows do famoso cantor ou da banda do momento. Agora, convide as pessoas para estudar teologia, para ouvirem sobre o pecado, sobre a necessidade de tomar a cruz, de negar a si mesmo... já era! Não vai aparecer ninguém! Semelhantemente, convoque a população para discutir política, crescimento urbano, moralidade, justiça... o evento pode ser de graça, não será possível encher um ônibus. Agora, promova um show de pagode, de axé, de samba... e cobre 50 R$, 60 R$, 70 R$ o ingresso, ainda assim, vai lotar! Os imperadores romanos, séculos atrás, descobriram a fórmula de lidar com a população: pão e circo.
No dia seguinte ao milagre da multiplicação dos pães, o povo correu novamente atrás de Jesus (Jo. 6:22-24) Eles queriam mais milagres! Eles queriam mais espetáculo! Ao se encontrarem com Jesus a primeira pergunta que fizeram foi a seguinte: “Mestre quando chegastes aqui?” (v.25) Ou seja: “Será que nós perdemos alguma coisa?” “Será que perdemos algum milagre, alguma manifestação espetacular?” “Será que perdemos alguma multiplicação dos pães?” “Como foi este milagre? Será que foi de pão doce? Teve pão de queijo com recheio?” “Quando chegastes aqui?”
Jesus que era Deus, mas que não era bobo; era puro, mas não era ingênuo, disse-lhes o seguinte: “Vós me procurais porque comeste dos pães e vos fartastes”. (v.26) Jesus sabia que a multidão come e come com vontade! Jesus sabia que eles estavam atrás apenas do alimento físico. Sendo assim, Jesus começa a fazer uma série de exortações àquelas pessoas. “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna”. (v.27) “Eu sou o pão da vida”. (v.48) “Se não comerdes a carne do Filho do homem, não tendes vida em vós mesmos”. (v.53) Diante destas palavras de Jesus, qual foi a reação daqueles que andaram vários quilômetros para estar com Ele? “Muitos dos seus discípulos, tendo ouvido tais palavras, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir? (v.60) “À vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele”. (v.66)
O verdadeiro evangelho não vai ter muitos adeptos, nunca vai ser popular! Isto acontece porque o genuíno evangelho humilha o homem, fere o seu ego, mostra o verme que ele é. O evangelho bíblico não massageia o ego humano, não faz as suas vontades, não atende aos seus melindres. O evangelho das Escrituras – diferentemente deste que é vendido por aí – se preocupa unicamente com a glória de Deus e não está nem aí para as vontades humanas.
O verdadeiro evangelho nunca vai atrair a atenção das multidões. Nesta ocasião Jesus teve de fazer uma escolha: Ter cinco mil pessoas que o seguiam por causa dos benefícios que poderiam obter dele, ou ter seguidores leais, que o seguiam pelo motivo certo. Em outras palavras, Jesus teve de tomar uma decisão entre muitos consumidores e poucos discípulos fiéis. Jesus poderia ter satisfeito às necessidades da multidão e saciado o desejo dela de ter mais milagres, sinais e pão. Teria sido coroado rei, e teria o povo ao seu lado. Sairia na mídia, sua igreja passaria a ter dois, três, quatro cultos domingo à noite. Ele ganharia dinheiro, ficaria famoso, seria requisitado para congressos e seminários. Contudo, o nosso Senhor preferiu ter um punhado de pessoas que o seguiam pelos motivos certos, a ter uma vasta multidão que o fazia pelos motivos errados. Preferiu discípulos a consumidores.
Quando se deparou com os consumidores, Jesus fez um duro discurso. Ele não aliviou! Ele não passou a mão na cabeça! Ele não racionalizou! Ele não pegou leve! Ele disse o que precisava ser dito, a ponto do povo dizer: “Duro é este discurso, quem o pode ouvir”. E não suportando o discurso “muitos dos seus discípulos o abandonaram”. (v.66)
Atualmente a preocupação não está em achar um público para ouvir a mensagem, mas em encontrar uma mensagem para o público que temos. Quando o público e não a mensagem se torna soberana, o Evangelho não é mais o fim, mas simplesmente o meio para se alcançar alguma coisa. Lutero já tinha advertido sobre isto ao afirmar que: “A questão não é se o ensino é belo, atraente, impressionante ou popular. A questão é: ele é verdadeiro? Qualquer ensinamento que não se enquadre nas Escrituras deve ser rejeitado, mesmo que este faça chover milagres todos os dias”.
Jesus preferiu ter um punhado de pessoas que o seguiam pelos motivos certos, a ter uma vasta multidão que o fazia pelos motivos errados.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

VÍCIO

Uma das maiores desgraças do ser humano é o vício. Não ter forças suficientes para vencer a guerra contra este inimigo impiedoso e cruel é uma das coisas que mais machucam um viciado. Ser incapaz de dizer “não” àquilo que o fere, que o envergonha e que o mata, é realmente lastimável. É desesperador constatar que um momento chega para cada viciado quando o carro da polícia para na frente da casa e ele sabe por que; quando o filho adolescente encontra suas revistas pornográficas; quando ele sofre um acidente de carro enquanto se expõe sexualmente; quando o dinheiro gasto com a última prostituta iguala o preço dos sapatos que seu filho precisa.
Normalmente, o viciado tenta aliviar o desespero experimentando de novo a obsessão. Ele inicia cada vez uma nova volta no círculo vicioso. Eles reprovam-se, confessam seus pecados a Deus, fazem e quebram resoluções. Marcam sempre novas datas para a última “viagem”. Quando as tentativas de auto-administração falham, como geralmente ocorre, a auto-estima cai nas profundezas e o viciado sente-se compelido a buscar consolo em seu comportamento obsessivo. Desta forma, ele dá mais uma volta na espiral do vício. E aí, seus vícios florescem de sentimentos que brotam das tentativas humanas de administrá-los. Geralmente as pessoas cometem pecados para aliviar sofrimentos causados por outros pecados.
Alguém já definiu o vício como “uma ligação complexa, progressiva, injuriosa e, geralmente, inabilitante, com uma substância (álcool, heroína, barbitúricos) ou comportamento (sexo, trabalho, jogos) na qual uma pessoa busca compulsivamente uma mudança de sentimento”.
O que motiva um vício é um anseio. Um anseio não só do cérebro, do ventre ou da virilha, mas, em última instância, do coração. É por isto que se diz que a busca do viciado, no final das contas, é por transcendência. Vício diz respeito às nossas fomes e sedes, à nossa preocupação final, ao apego e anseio de nossos corações. O vício diz respeito, em última instância, à idolatria. O viciado fará qualquer coisa por seu vício, incluindo morrer por ele. Há um ponto na vida de cada alcoólatra em que ele canta sua própria versão do hino Castelo Forte, composto por Martinho Lutero: “Se temos de perder família, bens, prazer, se tudo se acabar e a morte enfim chegar, eu vou encher a cara”.
Agostinho certa vez disse sobre a escravidão da vontade: “A violência do hábito pelo qual mesmo a mente que não o deseja é arrastada e mantida”. Agostinho se moveu entre as passagens bíblicas de Gálatas 5:17 e Romanos 7:22-25. Estes textos falam da luta entre a carne e o espírito, da guerra interior que perdemos sempre que queremos o que é certo, mas fazemos o que é errado. Agostinho falava por experiência própria sobre sua longa batalha contra a luxúria: “A temível, inexplicável e, finalmente fantasmagórica dinâmica do mal moral é que nos aprisionamos nele”. Como em toda tragédia, o inimigo tanto está dentro de nós quanto está do lado de fora. O grande bispo de Hipona ainda disse o seguinte: “Eu estava preso não por ferros impostos por alguém, mas pelo grilhão de minha própria escolha. O inimigo agarrou minha vontade e fez uma corrente para manter-me prisioneiro. A conseqüência de uma vontade distorcida é uma paixão. Pela servidão a uma paixão, um hábito é formado, e o hábito que não se resiste torna-se necessidade. Por esses elos conectados um ao outro, uma dura escravidão mantém-me sob controle”.
Todo viciado precisa dar um passo difícil, o primeiro dos famosos doze passos. Paradoxalmente, ele precisa ajudar a si mesmo admitindo que não pode ajudar a si mesmo. Precisa realizar o ato corajoso e altamente responsável de reconhecer a impossibilidade de dirigir e controlar sua própria vida. O viciado precisa abandonar o desconcertante jogo de esconde-esconde. Em sua alma o viciado foge de si mesmo, evita a si mesmo, se esconde de si mesmo. Somente ao reconhecer sua incapacidade o viciado estará pronto para ser recuperado. Somente então o caminho estará aberto para o retorno a uma vida saudável. Retorno que levará tempo, vigilância e apoio de outros seres humanos, alguns deles, profissionais. Contudo, só a decisão de abandonar o vício não basta! Como todos os pecadores, o viciado também precisa dolorosamente desaprender velhos hábitos. Ele precisa desmantelar velhos cenários, pagar velhos débitos. Só assim ele poderá prosseguir resoluto na estrada da recuperação.
Não é porque uma pessoa é dependente de um vício que ela deixa de ser pecadora. Conquanto seja difícil abandonar o vício, mesmo assim, aquele ato é pecado. Pecado involuntário também é pecado! Mesmo quando um viciado não tem poder para agir contra a força de seu vício, ele ainda pode assumir a responsabilidade pelo mal moral que pratica, e esse mal moral pode, e deve ser, chamado de pecado. Sendo assim, a solução está não apenas no tratamento apropriado, mas também no arrependimento. Desta maneira, o viciado precisa não só do Deus que sara, mas do Deus que perdoa. Como todos os pecadores, o viciado precisa de higiene espiritual, porque assim como o pecado, o vício e a miséria andam sempre juntos. Assim também andam juntas a confissão, a cura e o longo processo de redenção.
Reconheço e não posso deixar de registrar que os vícios geralmente incluem o pecado, mas pode acontecer de existirem vícios que não são pecaminosos. Devemos analisar cada caso. É o caso de vício adquirido intra-uterinamente. Bebês que já nascem viciados devido o vício de suas mães. O caso de uma pessoa clinicamente esquizofrênica ou deprimida, ela se apega a substâncias viciantes buscando alívio para sua doença. Não quero ser injusto com tais pessoas chamando-as de pecadoras.
Que Deus tenha piedade e ajude aquelas pessoas que carecem desesperadamente de ajuda para saírem da situação lastimável na qual se encontram.